quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Maurício de Nassau

Quando os holandeses precisaram de um governador para suas possessões no Brasil, a Nieuw Holland, que tentaram construir no Nordeste, a escolha logo caiu sobre Maurício de Nassau, que já prestara excelentes serviços ao país, principalmente como militar.


Os livros de História do Brasil ressaltam a regência humana, a tolerância e o impulso que Nassau deu ao Nordeste até 1646.
A produção de açúcar desempenhou um importante papel no governo de Nassau.
 Após uma tentativa frustrada de tomar Salvador e evitar a retomada de Pernambuco pelos portugueses, Nassau se dedicou a consolidar o domínio holandês e a recuperar a indústria açucareira, que sofrera os efeitos da guerra e da fuga de escravos e donos de moinhos.
João Maurício convidou os habitantes a voltarem, garantiu-lhes liberdade de culto, devolução de terras e engenhos e direitos iguais aos dos holandeses. Ao permitir a coexistência do protestantismo, catolicismo e judaísmo no Brasil, praticou uma tolerância que não havia na Europa das guerras religiosas. 
A produção de açúcar e o comércio logo floresceram com os créditos que conseguiu junto à Companhia das Índias Ocidentais, modernas técnicas e a compra de escravos. 
A única mácula na imagem humanista de Nassau foi seu engajamento em prol do tráfico de escravos. Por sua intervenção, os holandeses passaram a controlá-lo, depois de conquistar os postos na África, antes em mãos dos portugueses.
Recife e Mauricéia
Como Recife tornara-se pequena para a prosperidade, Nassau mandou secar os pântanos da ilha Antonio Vaz, ali construindo uma cidade completamente planejada. Três pontes uniam Recife a essa nova cidade, Mauricéia (Mauritsstad). Em Recife viviam as pessoas ligadas ao porto e ao comércio, na Mauricéia os holandeses, funcionários e ricos comerciantes.
Ali ele mandou construir seu palácio de Vrijburg (Friburgo). Por poucos anos, a atual capital pernambucana gozou do luxo e brilho de uma corte real européia. 
Para isso muito contribuíram os artistas e cientistas que acompanharam João Maurício.
Seu trabalho deveria ressaltar os méritos do regente, passar a imagem de um Brasil rico e paradisíaco e servir de propaganda para a Companhia das Índias conseguir mais investidores. Independente disso, o príncipe de Nassau incentivou essas atividades por interesse próprio.

Um humanista nos trópicos


Maurício de Nassau embarcou com uma comitiva de pintores, artistas e cientistas. O resultado foram quadros, gravuras e desenhos únicos, mapas e levantamentos da fauna e flora brasileiras ricamente ilustrados.
Eles ajudaram a formar a imagem do Novo Mundo na Europa, numa época em que só havia relatos mais ou menos fantasiosos sobre os nossos índios canibais.
 Entre os livros preciosos está o que Jean de Léry escreveu sobre os dez meses vividos entre os tupinambás, publicado em 1586 em Genebra – um dos poucos com visão etnográfica.
Muitas dessas obras de Georg Markgraf e Willem Piso, autores da Historia Naturalis Brasiliae (Amsterdã, 1648), a primeira obra científica sobre a natureza brasileira serviram de referência a estudiosos por mais de um século. 
Desenhos da nossa flora e fauna feitos durante os anos de Nassau foram copiados, mesmo 100 ou 200 anos depois, como os peixes brasileiros magistralmente coloridos por Marcus Elieser Bloch, incluídos na "História Natural dos Peixes Estrangeiros", publicada em Berlim no século XVIII.
O declínio e a volta à Europa
Nassau era bem aceito pela população local, mas não o domínio holandês. Quando os donos de engenhos não puderam mais pagar os créditos, com a crise do açúcar no mercado mundial, a resistência tomou novo alento.
Por outro lado, a dependência total da colônia começou a sobrecarregar a Holanda, que não se via em condições de atender aos pedidos de Maurício de Nassau por mais soldados. A companhia acusava-o de desperdiçar recursos com suas construções e os custos de sua corte, o que a exposição documenta com uma lista de gastos exorbitantes da sua cozinha.
Nassau antecipou-se ao fim das aventuras holandesas em terras brasileiras, entregando o cargo e embarcando para a Europa em 6 de maio de 1644. E se confiarmos na descrição de Caspar Barlaeus, autor da história do Brasil sob a regência de Nassau, o príncipe teve uma despedida triunfal, recebendo inúmeras mostras de simpatia.





450 anos do livro de Hans Staden

Capa de 'A verdadeira história dos selvagens, nus e ferozes devoradores de homens'
O precioso livro Wahrhaftige Historia, escrito por Hans Staden, sobre as duas viagens que realizou ao Brasil entre os anos de 1548 e 1555. 
Quatrocentos e cinqüenta anos depois de sua primeira edição, o livro permanece um dos mais curiosos documentos sobre a cultura dos índios brasileiros, especialmente os tupinambás, que aprisionaram o navegante e mercenário alemão e quase o devoraram em seus rituais canibalescos.
O relato de Hans Staden (1525–1579) está para os alemães assim como a carta de Pero Vaz de Caminha para os reis de Portugal.  Em Verdadeira História dos SelvagensNus eDevoradores de Homens, Encontrados no Novo Mundo, A América, a reportagem feita por Staden é a descrição de um homem simples, de forte fervor religioso, sobre a natureza e a paisagem do Brasil e os costumes de seus habitantes. Uma aventura onde se revelam também as questionáveis formas de colonização empregadas pelos europeus na conquista de outros continentes e o inevitável choque cultural entre os chamados "selvagens" e "civilizados".

Segundo a edição Brasiliana da Biblioteca Nacional, de 2001, o livro de Staden foi determinante para os europeus: "A sua influência no meio culto da época ajudou a criar, no imaginário europeu quinhentista, a idéia da terra brasílica como o país dos canibais, devido às ilustrações com cenas de antropofagia". Monteiro Lobato foi taxativo, ao estimar o valor dos escritos do autor alemão: "É obra que devia entrar nas escolas, pois nenhuma dará melhor aos meninos a sensação da terra que foi o Brasil em seus primórdios".

Em suas próprias palavras, Staden não pretendia se vangloriar de suas experiências junto a um povo tão exótico para ele. "O porquê de ter escrito este livrinho foi enfatizado por mim em diversos trechos. Todos nós devemos louvar e agradecer a Deus por ter-nos protegido desde o nascimento até os dias de hoje, ao longo de uma vida inteira. Assim como os portugueses, franceses, espanhóis e holandeses, os alemães também participaram da exploração do Brasil no início do século 16. Minha primeira viagem para a América foi em uma nau portuguesa. Éramos três alemães a bordo, Heinrich Brant von Bremen, Hans von Bruchhausen e eu. A segunda viagem ia de Sevilha, na Espanha, para o Rio de La Plata", conta o autor, que na segunda expedição era o único alemão presente. "Acabamos sofrendo um naufrágio em São Vicente. Trata-se de uma ilha que fica bem próxima à terra firme brasileira e é habitada por portugueses."

livro revisitado

Os nove meses em que Hans Staden ficou em poder dos tupinambás renderam um relato impressionante em nível antropológico, sociológico, lingüístico e cultural que é constantemente revisitado. O livro, que é considerado um sucesso editorial, já inspirou montagens teatrais pelo mundo afora, semeando a imaginação dos modernistas Raul Bopp e Oswald de Andrade na criação da Revista de Antropofagia, de 1928, onde foi publicado o substancial Manifesto Antropofágico, de Oswald:  "Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele me respondeu que era a garantia do exercício da possibilidade. Esse homem chamava-se Galli Mathias. Comi-o".Cartaz do filme 'Hans Staden'Cartaz do filme 'Hans Staden'

A aventura de Hans Staden acabou sendo levada às telas pelas mãos do cineasta brasileiro Luiz Alberto Pereira em Hans Staden, um dos poucos filmes na história do cinema em que a língua falada pelos atores é, predominantemente, a tupi, e que conquistou diversos prêmios no Brasil e nos Estados Unidos.

O livro ganhou em 1998 uma primorosa edição da Dantes Editora e Livraria, do Rio de Janeiro, em tradução de Pedro Süssekind, que traz, além das ilustrações originais, desenhos e gravuras de Theodoro de Bry, Roque Gameiro, Van Stolk,  entre outros.

O mundo maravilhoso de Karl May

Karl May é o maior best-seller alemão de todos os tempos.

Karl May (1842-1912)


Com mais de 200 mil livros vendidos, Karl May (1842-1912) é um nome conhecido por todos na Alemanha. Assim como seu legado literário, que inclui 33 romances, e os diversos filmes baseados em sua obra.


Karl May foi um autor significativo por formar a imagem do Oeste e do índio americano para diversas gerações de jovens alemães. Se tornou famoso com as aventuras vividas no Velho Oeste norte americano pelo cacique apache Winnetou e seu "irmão de sangue", o branco Old Shatterhand.



O escritor vivia numa época ávida por conhecimentos sobre o "exótico". As pessoas se aglomeravam para ver "nativos" nos shows etnológicos que transitavam pela Europa, organizados por pessoas como Buffalo Bill.


Era uma época de expedições científicas, expansão colonial, turismo e imigração. 

Quatro milhões de alemães emigraram da Alemanha para os Estados Unidos durante o tempo de vida de Karl May (1842-1912).  E todos os que abandonavam seu país o faziam com grande curiosidade pelo Novo Mundo.

Durante um certo tempo, May fingia ter vivido ele mesmo suas narrativas em primeira pessoa passadas na América, no Oriente e na África. Fotografias expostas na mostra de Berlim mostram o escritor posando para fotógrafos em seu estúdio nas proximidades de Dresden, cercado de peles de urso, um leão empalhado e outros animais selvagens que ele dizia ter matado com as próprias mãos.

Ele com certeza não hesitava em exagerar as coisas. "Old Shatterhand sou eu mesmo", escreveu May, apresentando como prova diversos rifles, também expostos em Berlim. Na verdade, o escritor mandara fazer essas armas em Dresden, obrigando o fabricante a jurar sigilo.

Diversas atividades fraudulentas, inclusive fazer se passar por policial ou médico para ganhar dinheiro, levaram o filho de um tecelão empobrecido a passar anos na prisão. Escrever era uma das poucas opções que restaram a May, impedido de estudar e de emigrar por causa de seus precedentes criminais.

A inclinação pelo fingimento voltaria a lhe causar problemas no fim de sua vida, quando a imprensa lançou uma campanha contra ele, a fim de desmascará-lo como charlatão. A pressão do público e a mudança de costumes o levaram a se distanciar das personagens ficcionais do início da sua obra e tentar se estabelecer como um escritor mais sério, preocupado com religião, utopias sociais e filosofia. Mas sua obra tardia jamais viria a ter a mesma popularidade que seus livros de aventura.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

mortes no trânsito

TEMOS QUE PARAR A MATANÇA NO TRÂNSITO. 
O BRASIL É O CAMPEÃO EM MORTES E EM IMPUNIDADE!
OS MOTORISTAS QUE PROVOCAM DESASTRES POR DIRIGIREM EM ALTA VELOCIDADE OU EMBRIAGADOS SAEM ASSOVIANDO. NÃO INDENIZAM AS VÍTIMAS, NÃO INDENIZAM O GOVERNO E NEM SÃO CONSIDERADOS CRIMINOSOS. È UM ABSURDO O QUE O PAÍS ESTÁ PERDENDO EM VIDAS E EM DESPESAS MÉDICAS E PENSÕES.
TODOS PAGAM A CONTA DOS IRRESPONSÁVEIS. 
TODOS CORREM OS MESMOS RISCOS DE QUEM ASSUME O RISCO DE MATAR OU MORRER NA DIREÇÃO DE UM CARRO, DE UMA VAN, DE UM ÔNIBUS LOTADO.
QUANTOS DE NÓS VAMOS PERDER A VIDA., FICAR ALEIJADOS OU SOFRER A PERDA DE PESSOAS AMADAS? 
assista o vídeo australiano
http://www.youtube.com/watch?v=Z2mf8DtWWd8