quinta-feira, 24 de novembro de 2011

Maurício de Nassau

Quando os holandeses precisaram de um governador para suas possessões no Brasil, a Nieuw Holland, que tentaram construir no Nordeste, a escolha logo caiu sobre Maurício de Nassau, que já prestara excelentes serviços ao país, principalmente como militar.


Os livros de História do Brasil ressaltam a regência humana, a tolerância e o impulso que Nassau deu ao Nordeste até 1646.
A produção de açúcar desempenhou um importante papel no governo de Nassau.
 Após uma tentativa frustrada de tomar Salvador e evitar a retomada de Pernambuco pelos portugueses, Nassau se dedicou a consolidar o domínio holandês e a recuperar a indústria açucareira, que sofrera os efeitos da guerra e da fuga de escravos e donos de moinhos.
João Maurício convidou os habitantes a voltarem, garantiu-lhes liberdade de culto, devolução de terras e engenhos e direitos iguais aos dos holandeses. Ao permitir a coexistência do protestantismo, catolicismo e judaísmo no Brasil, praticou uma tolerância que não havia na Europa das guerras religiosas. 
A produção de açúcar e o comércio logo floresceram com os créditos que conseguiu junto à Companhia das Índias Ocidentais, modernas técnicas e a compra de escravos. 
A única mácula na imagem humanista de Nassau foi seu engajamento em prol do tráfico de escravos. Por sua intervenção, os holandeses passaram a controlá-lo, depois de conquistar os postos na África, antes em mãos dos portugueses.
Recife e Mauricéia
Como Recife tornara-se pequena para a prosperidade, Nassau mandou secar os pântanos da ilha Antonio Vaz, ali construindo uma cidade completamente planejada. Três pontes uniam Recife a essa nova cidade, Mauricéia (Mauritsstad). Em Recife viviam as pessoas ligadas ao porto e ao comércio, na Mauricéia os holandeses, funcionários e ricos comerciantes.
Ali ele mandou construir seu palácio de Vrijburg (Friburgo). Por poucos anos, a atual capital pernambucana gozou do luxo e brilho de uma corte real européia. 
Para isso muito contribuíram os artistas e cientistas que acompanharam João Maurício.
Seu trabalho deveria ressaltar os méritos do regente, passar a imagem de um Brasil rico e paradisíaco e servir de propaganda para a Companhia das Índias conseguir mais investidores. Independente disso, o príncipe de Nassau incentivou essas atividades por interesse próprio.

Um humanista nos trópicos


Maurício de Nassau embarcou com uma comitiva de pintores, artistas e cientistas. O resultado foram quadros, gravuras e desenhos únicos, mapas e levantamentos da fauna e flora brasileiras ricamente ilustrados.
Eles ajudaram a formar a imagem do Novo Mundo na Europa, numa época em que só havia relatos mais ou menos fantasiosos sobre os nossos índios canibais.
 Entre os livros preciosos está o que Jean de Léry escreveu sobre os dez meses vividos entre os tupinambás, publicado em 1586 em Genebra – um dos poucos com visão etnográfica.
Muitas dessas obras de Georg Markgraf e Willem Piso, autores da Historia Naturalis Brasiliae (Amsterdã, 1648), a primeira obra científica sobre a natureza brasileira serviram de referência a estudiosos por mais de um século. 
Desenhos da nossa flora e fauna feitos durante os anos de Nassau foram copiados, mesmo 100 ou 200 anos depois, como os peixes brasileiros magistralmente coloridos por Marcus Elieser Bloch, incluídos na "História Natural dos Peixes Estrangeiros", publicada em Berlim no século XVIII.
O declínio e a volta à Europa
Nassau era bem aceito pela população local, mas não o domínio holandês. Quando os donos de engenhos não puderam mais pagar os créditos, com a crise do açúcar no mercado mundial, a resistência tomou novo alento.
Por outro lado, a dependência total da colônia começou a sobrecarregar a Holanda, que não se via em condições de atender aos pedidos de Maurício de Nassau por mais soldados. A companhia acusava-o de desperdiçar recursos com suas construções e os custos de sua corte, o que a exposição documenta com uma lista de gastos exorbitantes da sua cozinha.
Nassau antecipou-se ao fim das aventuras holandesas em terras brasileiras, entregando o cargo e embarcando para a Europa em 6 de maio de 1644. E se confiarmos na descrição de Caspar Barlaeus, autor da história do Brasil sob a regência de Nassau, o príncipe teve uma despedida triunfal, recebendo inúmeras mostras de simpatia.





450 anos do livro de Hans Staden

Capa de 'A verdadeira história dos selvagens, nus e ferozes devoradores de homens'
O precioso livro Wahrhaftige Historia, escrito por Hans Staden, sobre as duas viagens que realizou ao Brasil entre os anos de 1548 e 1555. 
Quatrocentos e cinqüenta anos depois de sua primeira edição, o livro permanece um dos mais curiosos documentos sobre a cultura dos índios brasileiros, especialmente os tupinambás, que aprisionaram o navegante e mercenário alemão e quase o devoraram em seus rituais canibalescos.
O relato de Hans Staden (1525–1579) está para os alemães assim como a carta de Pero Vaz de Caminha para os reis de Portugal.  Em Verdadeira História dos SelvagensNus eDevoradores de Homens, Encontrados no Novo Mundo, A América, a reportagem feita por Staden é a descrição de um homem simples, de forte fervor religioso, sobre a natureza e a paisagem do Brasil e os costumes de seus habitantes. Uma aventura onde se revelam também as questionáveis formas de colonização empregadas pelos europeus na conquista de outros continentes e o inevitável choque cultural entre os chamados "selvagens" e "civilizados".

Segundo a edição Brasiliana da Biblioteca Nacional, de 2001, o livro de Staden foi determinante para os europeus: "A sua influência no meio culto da época ajudou a criar, no imaginário europeu quinhentista, a idéia da terra brasílica como o país dos canibais, devido às ilustrações com cenas de antropofagia". Monteiro Lobato foi taxativo, ao estimar o valor dos escritos do autor alemão: "É obra que devia entrar nas escolas, pois nenhuma dará melhor aos meninos a sensação da terra que foi o Brasil em seus primórdios".

Em suas próprias palavras, Staden não pretendia se vangloriar de suas experiências junto a um povo tão exótico para ele. "O porquê de ter escrito este livrinho foi enfatizado por mim em diversos trechos. Todos nós devemos louvar e agradecer a Deus por ter-nos protegido desde o nascimento até os dias de hoje, ao longo de uma vida inteira. Assim como os portugueses, franceses, espanhóis e holandeses, os alemães também participaram da exploração do Brasil no início do século 16. Minha primeira viagem para a América foi em uma nau portuguesa. Éramos três alemães a bordo, Heinrich Brant von Bremen, Hans von Bruchhausen e eu. A segunda viagem ia de Sevilha, na Espanha, para o Rio de La Plata", conta o autor, que na segunda expedição era o único alemão presente. "Acabamos sofrendo um naufrágio em São Vicente. Trata-se de uma ilha que fica bem próxima à terra firme brasileira e é habitada por portugueses."

livro revisitado

Os nove meses em que Hans Staden ficou em poder dos tupinambás renderam um relato impressionante em nível antropológico, sociológico, lingüístico e cultural que é constantemente revisitado. O livro, que é considerado um sucesso editorial, já inspirou montagens teatrais pelo mundo afora, semeando a imaginação dos modernistas Raul Bopp e Oswald de Andrade na criação da Revista de Antropofagia, de 1928, onde foi publicado o substancial Manifesto Antropofágico, de Oswald:  "Perguntei a um homem o que era o Direito. Ele me respondeu que era a garantia do exercício da possibilidade. Esse homem chamava-se Galli Mathias. Comi-o".Cartaz do filme 'Hans Staden'Cartaz do filme 'Hans Staden'

A aventura de Hans Staden acabou sendo levada às telas pelas mãos do cineasta brasileiro Luiz Alberto Pereira em Hans Staden, um dos poucos filmes na história do cinema em que a língua falada pelos atores é, predominantemente, a tupi, e que conquistou diversos prêmios no Brasil e nos Estados Unidos.

O livro ganhou em 1998 uma primorosa edição da Dantes Editora e Livraria, do Rio de Janeiro, em tradução de Pedro Süssekind, que traz, além das ilustrações originais, desenhos e gravuras de Theodoro de Bry, Roque Gameiro, Van Stolk,  entre outros.

O mundo maravilhoso de Karl May

Karl May é o maior best-seller alemão de todos os tempos.

Karl May (1842-1912)


Com mais de 200 mil livros vendidos, Karl May (1842-1912) é um nome conhecido por todos na Alemanha. Assim como seu legado literário, que inclui 33 romances, e os diversos filmes baseados em sua obra.


Karl May foi um autor significativo por formar a imagem do Oeste e do índio americano para diversas gerações de jovens alemães. Se tornou famoso com as aventuras vividas no Velho Oeste norte americano pelo cacique apache Winnetou e seu "irmão de sangue", o branco Old Shatterhand.



O escritor vivia numa época ávida por conhecimentos sobre o "exótico". As pessoas se aglomeravam para ver "nativos" nos shows etnológicos que transitavam pela Europa, organizados por pessoas como Buffalo Bill.


Era uma época de expedições científicas, expansão colonial, turismo e imigração. 

Quatro milhões de alemães emigraram da Alemanha para os Estados Unidos durante o tempo de vida de Karl May (1842-1912).  E todos os que abandonavam seu país o faziam com grande curiosidade pelo Novo Mundo.

Durante um certo tempo, May fingia ter vivido ele mesmo suas narrativas em primeira pessoa passadas na América, no Oriente e na África. Fotografias expostas na mostra de Berlim mostram o escritor posando para fotógrafos em seu estúdio nas proximidades de Dresden, cercado de peles de urso, um leão empalhado e outros animais selvagens que ele dizia ter matado com as próprias mãos.

Ele com certeza não hesitava em exagerar as coisas. "Old Shatterhand sou eu mesmo", escreveu May, apresentando como prova diversos rifles, também expostos em Berlim. Na verdade, o escritor mandara fazer essas armas em Dresden, obrigando o fabricante a jurar sigilo.

Diversas atividades fraudulentas, inclusive fazer se passar por policial ou médico para ganhar dinheiro, levaram o filho de um tecelão empobrecido a passar anos na prisão. Escrever era uma das poucas opções que restaram a May, impedido de estudar e de emigrar por causa de seus precedentes criminais.

A inclinação pelo fingimento voltaria a lhe causar problemas no fim de sua vida, quando a imprensa lançou uma campanha contra ele, a fim de desmascará-lo como charlatão. A pressão do público e a mudança de costumes o levaram a se distanciar das personagens ficcionais do início da sua obra e tentar se estabelecer como um escritor mais sério, preocupado com religião, utopias sociais e filosofia. Mas sua obra tardia jamais viria a ter a mesma popularidade que seus livros de aventura.

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

mortes no trânsito

TEMOS QUE PARAR A MATANÇA NO TRÂNSITO. 
O BRASIL É O CAMPEÃO EM MORTES E EM IMPUNIDADE!
OS MOTORISTAS QUE PROVOCAM DESASTRES POR DIRIGIREM EM ALTA VELOCIDADE OU EMBRIAGADOS SAEM ASSOVIANDO. NÃO INDENIZAM AS VÍTIMAS, NÃO INDENIZAM O GOVERNO E NEM SÃO CONSIDERADOS CRIMINOSOS. È UM ABSURDO O QUE O PAÍS ESTÁ PERDENDO EM VIDAS E EM DESPESAS MÉDICAS E PENSÕES.
TODOS PAGAM A CONTA DOS IRRESPONSÁVEIS. 
TODOS CORREM OS MESMOS RISCOS DE QUEM ASSUME O RISCO DE MATAR OU MORRER NA DIREÇÃO DE UM CARRO, DE UMA VAN, DE UM ÔNIBUS LOTADO.
QUANTOS DE NÓS VAMOS PERDER A VIDA., FICAR ALEIJADOS OU SOFRER A PERDA DE PESSOAS AMADAS? 
assista o vídeo australiano
http://www.youtube.com/watch?v=Z2mf8DtWWd8

quinta-feira, 1 de setembro de 2011

Compreenda o processo através do qual o Brasil passou da condição de colônia para a condição de Estado independente.


Sete de Setembro de 1822 é a data da Independência do Brasil. Por isso, essa data é feriado nacional. Todos nós sabemos que os feriados são algo mais do que um dia de folga. Mas nem sempre paramos para pensar sobre o significado daquela data, sobre a sua importância para a nossa história.

A partir da Independência, o Brasil deixava de ser colônia de Portugal e começava a se organizar como um novo país - o Império do Brasil.

A Independência do Brasil fez parte de um movimento mais geral de crítica ao poder absoluto dos Reis europeus e defesa dos ideais de liberdade e igualdade que abalaram definitivamente o poder das metrópoles sobre as suas colônias na América. As idéias liberais, a independência dos Estados Unidos e a revolução francesa exerceram grande influência na América, contribuindo para a formação de vários novos países independente. Quase todos se tornaram Repúblicas, apenas o Brasil optou pela Monarquia tornando-se o Império do Brasil.

Entender como se deu o processo de emancipação política do Brasil constitui o objetivo principal dessa aula. Como questão central, a pergunta:

Por que Império do Brasil ao invés de República do Brasil?





 Quando o Brasil ainda era a América Portuguesa

Para entender o processo de emancipação política do Brasil e perceber as razões que contribuíram para que, após a Independência, o Brasil tenha optado pelo Império, convém recordar a situação da América Portuguesa no final do século XVIII e início do século XIX.

Naquela época, o Brasil já possuía um imenso território e uma reduzida população (cerca de 5 milhões de habitantes) distribuída irregularmente pelo litoral. Era muito pequena a penetração pelo interior do território. As comunicações eram difíceis do Recife ao Rio de Janeiro eram 3 semanas de viagem pelo mar. Por terra, gastava-se muito mais tempo, pois praticamente não existiam estradas. O contacto entre as capitanias era feito exclusivamente pelo mar ou, quando possível, por meio da navegação dos grandes rios. Dessa forma, o isolamento entre as regiões do Brasil era muito grande.

Além disso, não existiam grandes cidades e nem no Rio de Janeiro, capital da colônia, havia facilidade de comunicação com as demais regiões do Brasil. Suas ruas eram estreitas, escuras e sujas. A cidade vivia fechada sobre si mesma.

Esta situação, no entanto, tendeu a se transformar com a presença da Corte Portuguesa no Rio de Janeiro. Frente ao avanço das tropas de Napoleão, imperador da França Revolucionária, a família real portuguesa, com toda a sua corte, se transferiu para a América. A vinda da Família Real Portuguesa para o Brasil, em 1808 provocou grandes mudanças na vida da colônia e influenciou decisivamente no rumo dos acontecimentos que fizeram parte do processo de independência do Brasil.
A partir da vinda da Corte para o Brasil, e sua instalação no Rio de Janeiro, foi possível reunir no sudeste, em torno da Corte, um importante grupo de proprietários, comerciantes e funcionários que, beneficiados por medidas de D. João, começaram a se interessar pela permanência da família real no Brasil e a criação de um Império americano. 



A chegada da Família Real e a instalação do Governo Português no Rio de Janeiro fizeram a Capital, ganhar ares de metrópole. Logo que aqui chegou, D. João assinou a Abertura dos Portos do Brasil às Nações Amigas (1808). Era o fim do Pacto Colonial e da política de monopólios. Agora os comerciantes brasileiros poderiam fazer comércio com diferentes países sem a intermediação de Portugal. Com essa medida, estreitou-se o comércio com a Inglaterra. Os mercados brasileiros ficaram abarrotados de produtos ingleses. A elite colonial passou a consumir produtos refinados como tecidos e calçados, cristais e vidros, louças e porcelanas, todos estes trazidos pelos comerciantes ingleses.

Em 1810, D. João assinava os Tratados de Aliança e Amizade e de Comércio e Navegação com a Inglaterra. Através destes tratados eram criadas tarifas alfandegárias preferenciais para os produtos ingleses: os produtos portugueses continuariam pagando 16% sobre o valor da mercadoria importada, as demais nações 27% e os ingleses pagariam apenas 15% sobre o valor de suas mercadorias. Além desta vantagem comercial, os ingleses obtiveram do governo português o compromisso de abolir lenta e gradualmente o trabalho escravo, a começar pela restrição do tráfico apenas às colônias portuguesas da África.

Como é fácil perceber, essas medidas submeteram a economia brasileira aos interesses da Inglaterra e, por isso, foram muito mal recebidas, principalmente pelos comerciantes portugueses que perderam seus privilégios para os ingleses. Também aos traficantes e proprietários de escravos não agradava a idéia de abolição gradual do tráfico.


 A Revolução Pernambucana

Tampouco os pernambucanos estavam satisfeitos com a presença da Corte no Brasil. Sofrendo com a grave crise na produção de açúcar e de algodão, a população pernambucana ainda era obrigada a pagar pesados impostos. Recursos humanos eram exigidos para sustentar a política expansionista de D. João na Guiana Francesa, além de recursos materiais utilizados para sustentar o luxo da Corte e de seus inúmeros funcionários.

Em Recife, capital da província de Pernambuco, a revolta era geral, e as idéias liberais pipocavam nas diversas sociedades secretas. A tal ponto que, temendo a explosão de uma revolta, o governador de Pernambuco ordenou a prisão de alguns membros das sociedades secretas. Essa atitude precipitou a revolta e, em março de 1817, os revoltosos prenderam o governador para, em seguida, estabelecer um governo provisório. O novo governo recebeu o apoio de províncias vizinhas como Rio Grande do Norte e Paraíba. Mas o medo de que o ideal de liberdade defendido pelos líderes da revolta resultasse na libertação dos escravos fez com que muitos fazendeiros retirassem o seu apoio.

Não tardou muito e D.João enviou reforços para reprimir o movimento. A Corte não iria permitir que aquela rebelião ameaçasse a unidade do Império que queriam construir. Muito menos que se repetisse aqui, o que acontecera na Ilha de São Domingos, onde os escravos lideraram uma revolta que resultou não só na independência do país, mas em algo muito importante: a conquista de sua liberdade. Como podemos concluir, a defesa do liberalismo no Brasil terminava quando se tocava na questão da libertação dos escravos.

 De Reino Unido a país independente

Além da concessão de vantagens econômicas à Inglaterra, D.João tomou algumas medidas que permitiram a formação de uma estrutura econômica, política e administrativa mais autônoma, reunindo na cidade do Rio de Janeiro, um poderoso grupo de proprietários, comerciantes e funcionários para quem interessava que o Império português se fixasse aqui no Brasil.

A Corte doou sesmarias (terras) a comerciantes e funcionários da administração. Por outro lado, promoveu a vinda de estrangeiros, tendo recebido chineses e suíços para se fixarem e trabalharem em terras brasileiras. Abriu estradas ligando o interior ao Rio de Janeiro. Enfim, tomou um conjunto de medidas que visavam promover a integração do Rio de Janeiro com as demais regiões do país, bem como integrar segmentos ligados à Corte e ao Rio de Janeiro, seja por interesses econômicos, políticos ou culturais, seja pela mais simples aspiração social, o desejo de estar próximo às pessoas que ditavam a moda.

No campo cultural, a presença da Corte no Brasil permitiu uma grande abertura. O fim da proibição da existência de gráficas e a criação da Imprensa Régia - apesar da censura às primeiras e das fofocas da Corte veiculadas pela segunda - permitiram uma maior circulação de idéias. Foram criadas novas escolas destinadas aos filhos de famílias ricas. Entre elas a Academia Real de Marinha e a Academia Real Militar, ambas destinadas a formar engenheiros civis e quadros para as forças armadas.

A criação da Academia de Belas Artes teve como professores os membros da Missão Francesa, formada por escultores, arquitetos, pintores e desenhistas. Além de lecionar, os membros da missão francesa deixaram importantes registros, especialmente desenhos, sobre a vida cotidiana do povo brasileiro naquele período.

Também vieram ao Brasil vários estudiosos europeus. Expedições científicas penetravam pelo interior a fim de estudar a fauna e a flora brasileiras, enquanto outros buscavam compreender a origem do homem americano. Além de tudo isso, houve a criação da Biblioteca Pública e do Museu Real.

A essa altura, diminuía a sensação de dispersão e isolamento. A elevação do Brasil a Reino Unido ao de Portugal e Algarves reforçava ainda mais a idéia de que o Brasil finalmente deixara de ser uma colônia. Era, naquele momento, sede da Coroa Portuguesa. Havia liberdade econômica e a família real representava segurança para os grupos beneficiados pela política de D.João. Para eles tornava-se cada vez mais forte a consciência de que era fundamental manter o Brasil como sede da Coroa. Como a situação européia ainda era perigosa (revoluções), também para a família real era interessante permanecer no Brasil. Assim havia, naquele momento uma reunião de diferentes interesses.


Sete de setembro: a proclamação da independência

Foi com esse sentimento que a elite colonial impediu o retorno do Brasil à condição de colônia. Ocorre que, em 1820, os portugueses promoveram a Revolução do Porto. Através dela, eles exigiam a volta do príncipe regente, D.João e o retorno do Brasil à condição de colônia de Portugal. D.João via-se, novamente, pressionado. Desta vez entre os súditos portugueses e a elite brasileira. Que decisão tomar? Você sabe! D.João atendeu aos seus súditos portugueses e retornou a Portugal. Mas, deixou aqui, um representante da família Orleans e Bragança, seu filho D.Pedro.

A insistência dos portugueses em recuperar seus privilégios econômicos e sua dominação política sobre o Brasil chegava a D.Pedro sob as mais variadas exigências. No Rio de Janeiro, as forças políticas apresentavam manifestos com milhares de assinaturas reivindicando a permanência de D.Pedro no Brasil. Membros do "Partido Brasileiro" propunham a convocação de uma Assembléia Constituinte para dotar o país de uma legislação mais adequada às necessidades e interesses daquele momento político. A imprensa não parava de divulgar artigos defendendo a independência do Brasil.

Depois de muita indecisão e de muita pressão, D.Pedro resolveu romper com o governo de Portugal. Em 7 de setembro, às margens do Rio Ipiranga, D.Pedro proclamava a independência do Brasil. Em seguida, ele seria aclamado pelo povo e sagrado pelo bispo para então ser coroado Imperador Constitucional e Defensor Perpétuo do Brasil.

Como você pôde verificar a independência brasileira foi resultado de acordos entre os grupos beneficiados pela política de D.João e o seu filho, o príncipe português D.Pedro. Para ambos os lados interessava naquele momento a ruptura com Portugal. A opção pelo governo monárquico afastava qualquer ameaça de retorno à situação de colônia e assegurava a manutenção dos privilégios obtidos anteriormente. Por outro lado, entendia-se, ainda, que a monarquia poderia garantir a unidade do território e evitaria a explosão de revoltas nas demais regiões da antiga colônia.

Feita a independência, restava, no entanto, estabelecer novas leis, impor a autoridade do Imperador sobre as províncias que não haviam aderido a independência, obter o reconhecimento externo. Em resumo, era necessário organizar o Estado Independente e concluir a obra de construção do Império do Brasil. Nas próximas aulas você conhecerá os diferentes grupos que lutaram pela direção e organização do país independente e poderá compreender como se deu a construção e consolidação do Império do Brasil.

quarta-feira, 31 de agosto de 2011

FORMAÇÃO DE PROFESSORES

CAPACITAÇÃO EM ARTE E CULTURA

As Artes e a Criatividade são as “disciplinas” do afeto, porque lidam diretamente com a comunicação sensorial, desenvolvendo a capacidade de conhecer a si próprio e ao outro. O estímulo  a capacidade humana de ver, ouvir e sentir, e o encantamento que decorre da percepção dos sons, das formas, das cores, luzes, movimentos, gestos e da palavra poética, nos potencializa a viver melhor e a construir um mundo melhor. A arte como matéria e a cultura como produto celebram o encontro das diferenças, incluem o diverso no universo, é a festa da humanidade.

1ª Etapa  (3 encontros)

Literatura – Oralidade, a origem das histórias, história para criança e história de criança.

Encontro intermediário (1 encontro) – Artes integradas, jogos de estímulo à criação de histórias e personagens à partir de dinâmicas de Artes Plásticas e Criação verbal.

2ª Etapa  (3 encontros)

As Artes Plásticas – A criação da forma, materiais que nos cercam, luz e cores. Confecção de materiais alternativos: Lápis cera, tintas feitas a base de barro, giz de gesso, brinquedos e instrumentos musicais com sucata. Toda essa atividade foi realizada numa oficina expositiva que teve a duração de 2 encontros. Confecção de um painel artístico para sala. Para essa atividade contamos com a participação das meninas do Ensan.

Encontro intermediário – (1 encontro) Artes integradas. Criação de personagens, à partir da observação de pessoas do nosso convívio, criação de histórias com esses personagens.

3ª Etapa. (3 encontros) Criação, confecção e animação de bonecos.

4ª Etapa (1 encontro). Apresentação de 4 espetáculos de teatro de bonecos.

O Teatro – As possibilidades do teatro – Jogos e dinâmicas teatrais.

Ultima etapa (1 encontro)

Celebração das artes, criação de um ritual artístico cultural.

1º encontro – Oficina de literatura infantil e arteterapia

Texto do dinamizador
Vai longe o tempo em que, sentados à volta da fogueira, saboreávamos a beleza e a sabedoria de antigas narrativas. Arte das mais antigas, contar histórias é um forma poética de transmissão de cultura, tradição e valores éticos. Histórias infantis, além de entreter, exercitam a reflexão, suscitam a fantasia, evocam imagens e emoções. Além de seu conteúdo didático, as narrativas para crianças e adolescentes podem propiciar a aproximação com aspectos mais profundos da alma humana. Nesse sentido, a literatura pode representar um papel de grande importância, mas pouco observado, o contato com o inconsciente. É o momento em que a literatura e a arteterapia se amparam e se complementam.
Criada na década de quarenta para auxiliar na recuperação de vítimas da Segunda Guerra Mundial, a arteterapia pretende, através de variadas técnicas de expressão arística, estimular a criação de imagens representativas da psique. Utilizando uma gama variada de meios de expressão (desenho, pintura, colagem, dança, teatro, literatura, música e etc.), a ateterapia proporciona uma experiência estética e veencial que ir';a permitir ;o equilíbrio e o auto-conhecimento .
A arte de contar histórias contribui não apenas para o desenvolvimento cpgnitivo de crianças e jovens, favorece o amadurecimento emocional, e ainda, aproxima o grupo, fortalecendo elos afetivos entre o narrador e os ouvintes. O contador de histórias atento irá escolher os textos pensando em seu grupo e suas necessidades. A sua sensibilidade ao narrar, acentuando passagens u sugerindo a participação dos ouvintesa no momento da releitura, irá se refletir no cotidiano do grupo, conferindo intimidade, respeito e afeto.
A proposta de nossa oficina é ressaltar os benefícios terapêuticos da literatura para crianças e adolescentes e demonstrar, por intermédio de técnicas de arteterapia, que as histórias podem ir muito além.
Dinamizadora – Cristina Villaça.

Histórias e técnicas aplicadas:
Mandala de cada um – Leitura do conto "Fátima a Fiandeira"- O grupo desenvolveu a técnica de desenhar em círculos contínuos a linha de sua vida, Cada pessoa teve a oportunidade de expressar para o grupo passagens marcantes de suas vidas.
Brincando com fogo –  Leitura do conto "O macaco e a Velha" – de origem popular, narrado por João de Barro, o  Braguinha  - O grupo recordou histórias ouvidas no passado e, usando bastão de cera derretido na chama da vela imprimiu no papel, e pode relatar ao grupo as histórias lembradas. A relação do olhar com a chama da vela provoca profunda introspeção.
Retalhos de histórias- Com recortes de imagens selecionadas pelo grupo em revistas, onde procurou-se os personagens, paisagens e ambientes das histórias ouvidas na infância construi-se  histórias em subgrupos. Um subgrupo apresenta sua história ao outro.
 
Técnica

O Papel Passado – Esta técnica foi criada por José Luiz dos Reis Moura, um dos membros do Re-Criar-Te. Distribuímos para as pessoas que estão sentadas em círculo, papel e lápis. Pedimos que cada um escreva de 6 à 8 características, externas ou internas de alguma pessoa marcante nas suas vidas, o papel é girado pelo círculo pela direita e cada pessoa que o recebe deve desenhar uma das características grafadas no papel, até o papel chegar na pessoa inicial que examina o desenho feito por todo o grupo e o compara com a pessoa por ela pensada e cujas características foram escritas no papel.





Com as personagens criadas construiremos as histórias.

A Pá lavra...

...Lavra a pá...

...A palavra


A palavra conto vem da palavra medida = quantidade, assim como também: Condão, cordel, corda, cordialidade, pontos cardeais, o coração e os estímulos cardíacos estão ligadas a idéia de corda como fio que une, mede, aponta, aproxima e afasta. É nesse "fio da meada", melhor dizendo, da história, que as pessoas se encontram nos diversos "sentidos" e nas diversas direções da vida. A palavra alerta, fere, consola, integra...Nesse ponto o di-verso se encontra no uni-verso.

Técnica

As Cartas de Propp, Vladimir Propp, importante teórico Russo, observou que há em todas as histórias, especialmente as dos contos maravilhosos, uma única estrutura que funciona como um "esqueleto do texto". A imagem é interessante, porque a palavra "Texto" está ligada a idéia de tecido, textura, enfim pele, que cobre e é apoiada por uma estrutura interna. À partir daí Propp organizou dezenas de funções que aparecem no decorrer da história e que nos contam a trajetória do seu herói ou protagonista, dessas funções escolhemos as catorze que nos pareceu essenciais no texto, são elas:

I.      Proibição
II.    Infração
III.  Punição
IV.    A partida do herói
V.      Missão – O herói passará por provas para vencer os obstáculos que começam a surgir na história
VI.    Doador – alguém ou alguma coisa surge na história para ajudar ao herói no cumprimento da sua missão.
VII.  Dons mágicos – é o recurso usado pelo doador e doado para  o herói usá-lo na sua missão.
VIII.         Antagonista – aparece ou se revela nesse instante para o herói, aquele que irá  se  opor à ele, obrigando-o a enfrentar obstáculos na história.
IX.    O duelo – o combate entre a vontade do herói e a contra-vontade representada pelos poderes do antagonista.
X.      A vitória do herói
XI.    O retorno – O herói retorna à sua origem, local de onde fora obrigado a sair.
XII.  O reconhecimento – sua comunidade reconhece e enaltece suas qualidades.
XIII.         Punição do antagonista – o mal representado pelo antagonista é punido com a derrota e eliminado do grupo.
XIV.  Recompensa do herói – na maioria das histórias aparece como núpcias, representando um reinício feliz.

Seguem as histórias criadas pelo grupo à partir das cartas e da criação dos personagens

Aventuras de Raio de Luar na Terra do Eu Sozinho

Narrador I – Havia um reino distante, onde as pessoas viviam felizes por serem livres. Nesta reino Morava Raio de Luar.
Narrador II – Era uma menina órfã, bolachuda,  mas muito meiga, criadora e  sensível, e gostava muito de ouvir e ajudar as pessoas.
Narrador I – Suas amigas inseparáveis eram: Olívia e Emília , as duas eram bem magras, mas muito alegres também.
Narrador II – Raio de Luar tinha imensa popularidade, por onde passava fazia amizade.
Narrador I – Até que surge nessa história o terrível ANICETO.
Narrador II – Esse era um homem invejoso e intrigueiro. Presenteou o  rei daquele lugar com um quadro mágico.
Narrador I – Toda vez que o rei olhava para o quadro ele via a imagem da órfã gordinha, muito , mas muito  mais amada do que ele por todo o  reino.
Narrador II – Claro que com essa notícia o rei ficou preocupado, querendo conhecer essa pessoa que reinava no coração dos seus súditos.
Rei – Chamem a serva Mariana! Imediatamente!
Guarda do Rei – Senhor Rei, apresenta-se à Vossa Majestade a feiticeira do Reino Mariana Veneno de Sapo Viegas.
Rei – Quero que descubras quem é Raio de Luar e traga-a a minha presença!
Mariana – (com sonoras gargalhadas) Com enorme prazer meu rei, já sei até de quem se trata é uma pobre órfã, filha da falecida Zefa que foi vossa cozinheira por muitos anos.
Rei – Conselheiro! Decrete imediatamente uma ordem proibindo a comunicação entre as pessoas do reino. Não quero que avisem a menina a tempo para que ela fuja.
(Mariana Traz Raio de Luar e o Rei a expulsa para Terra do Eu Sozinho)
Olívia – Precisamos ajudar nossa amiga.
Emília – Se formos juntos à terra do Eu Sozinho, ela não estará sozinha e aquela maldita terra perderá o seu terrível encantamento.
Olívia – Mas como podemos ir sem que ninguém nos veja.
Emília – Fácil! Toda final de tarde Mariana a bruxa, viaja para essa terra, para caçar morcegos para suas  porções. Vamos seguí-la, sua vassoura voadora está no conserto ela viaja a pé mesmo. E ninguém, nem mesmo os guardas do Rei tem coragem de seguí-la.

(elas seguem Mariana)

Mariana – (Desconfiada) Estou sentindo no ar um cheiro horroroso, uma mistura de Esperança e Amizade. Ah pois bem! São vocês duas eim!
Olívia – Corre Emília. Corre!

(surge o gêniio Criston)

Emilia -  Me deixa passar moço, Mariana vai pegar a gente.
Criston – Vai não! Eu sou Criston o gênio dos pensamentos positivos. Podem seguir seu caminho. Leve essas gotas de otimismo logo chegaram onde querem.
Narrador I – Mariana voltou ao Reino e contou que Raio de Luar, não estava mais sozinha.
Narrador II – O Rei, que por agradecimento à Aniceto, tinha o transformado  em chefe da guarda, mandou que ele organiza-se um pequeno exército, para atacar as meninas.
Narrador I – A essa altura, Raio de Luar, já havia juntado sua bondade, com o otimismo e a esperança de suas amigas e já estavam de volta a sua terra, juntando todas as pessoas que encontravam numa nunca vista assembléia da felicidade.
Narrador II – A Batalha acontecera, mas não houve sangue. Houve muitas boas ações, abraços e beijos. Todo exército se rendeu a felicidade. O Rei, Aniceto e Mariana, resolveram fugir para Terra do Cada Um Cuida de Si e é claro que lá eles não viveram felizes.
Narrador – O reino foi dividido pelas pessoas de coração e o único Rei que reinou nesse lugar foi o Reinicio.


F I M
Não há Guerra no Amor!

Narradora – Vocês vão ouvir uma história de amor. E para que ela seja muito romântica e  toque em todos corações apaixonados, vamos começar com uma poesia:


Podem acreditar no amor
O amor é lindo!

O amor não é lenda

Ele existe de verdade
Ele é brinde, ele é prenda
Ele é sonho e realidade
Ele nasce, cresce, aumenta
É do tamanho da eternidade
Ele não morre, ele senta, descansa, para outra viagem.


Narradora - Guerra era um rapaz muito simpático, diferente dos outros na maneira de ser e de se vestir, todos gostavam muito dele, menos os pais de Marta, seu grande amor.

Quiseram afastar os dois,  mandaram Marta, prá bem longe, prá depois de onde o vento faz a curva. Lá prá muito longe, prá onde não se pode ir nem a pé e nem de bonde. Lá pro Paraná. Disserem que lá ela iria estudar.

Guerra – Meu nome é Guerra, mas quero paz, sempre quis, eu só quero ser feliz. Mas como, longe da mulher que amo.

Marta – Guê!

Guerra – Marta! É você?

Marta – Nada poderá nos separar!

Guerra – Valeu! Mas você não ia para o Paraná.
Marta – Tive uma conversa séria com meus pais e disse a eles que iria para amar.

Guerra – Não temos muita coisa, onde vamos morar?

Marta – O pouco vira muito, um pouco daí, um pouco de cá. Temos esse belo gato, já dá prá aliviar a solidão, quando estivermos sozinho e o outro for trabalhar.

Guerra – Só com um gato não se faz a vida. Mas isso me lembra uma velha história. Um gato que usava botas, e ajudou um pobre a casar com a princesa. Era uma vêz....Blá...blá...blá

Marta -  Você é ótimo contador de histórias. Podemos montar um grupo, começaremos já, vamos as praças, condomínios, escolas, o que entrar já é lucro!

Guerra – Já estou nessa, minha Bela, sou sua Fera, juntos vamos até o fim do mundo.

Marta – E ao contarmos tantas histórias,  e já tivermos criado a nossa, poderemos contar a todo o povo, A história de Marta e Guerra, essa guerra o amor venceu.
















O Pescador e o Rei

Narrador: Havia numa cidade muito pequena, um homem muito rico e poderoso, ele obrigava todo mundo a falar bem alto: Viva o Rei, ele é o nosso Rei!

Nessa cidade também morava um homem pobre, ele era um pescador e não obedecia as ordens do Rei, ele gritava:
Pescador - Viva Deus, na terra, no céu e no mar, viva Deus e mais ninguém!

Um dia o Rei mandou chamar o pescador e lhe disse:

Rei - Que conversa é essa de dar vivas à um Deus que ninguém vê. Um Deus que não existe?

Pescador – Viva Deus na terra, no céu e no mar, viva Deus e mais ninguém.

Rei – Quero ver se esse Deus existe mesmo. Vou deixar a chave de todo o meu tesouro contigo durante um mês, se você perder essa chave será enforcado em praça pública.

O Pescador foi prá casa e disse para a sua mulher:

Pescador – Mulher guarde essa chave, dela depende a minha vida. Agora vou pescar um peixe bem grande prá gente.

O Rei bolou um plano para pegar a chave na casa do pescador. Mandou o seu criado vestido de sucateiro para comprar ferro velho e mandou ele oferecer muito dinheiro pela chave para a mulher do pescador.

Sucateiro – Olha a sucata! Compro sucata! Pago muito bem! A senhora não tem nenhum ferrinho para vender não? Eu pago muito Bem!

Mulher – Só tenho essa chave, mais meu marido não quer que venda.

Sucateiro – Mais eu estou falando de muito dinheiro mesmo. Dá prá senhora fazer uma compra bem boa prá casa. Isso tudi só por essa chavezinha.

A mulher pensou, pensou. E como ela não sabia para que o marido queria tanto aquela chave. Ela vendeu prá poder fazer umas comprinhas.

Sucateiro – Agora eu vou jogar a chave no mar, como o Rei mandou.

Pescador – Mulher cadê a chave que lhe dei?

Mulher – Um homem pagou muito por ela, eu acabei vendendo prá ele. Agora a gente tem dinheiro, olha só!

Pescador – De que m e adianta dinheiro se o Rei vai me enforcar?

Mulher – Não pode ser meu Deus. ..

Pescador – Vou trabalhar, espero trazer um peixe bem grande para o almoço.

Mulher – Eu vou devolver o dinheiro pro Rei. E pedir prá ele salvar a sua vida.

Pescador – Primeiro faça o almoço para os nosso filhos. Espere eu trarei o peixe.

Musica :                Minha jangada vai sair pro mar
                                         Vou navegar meu bem querer
                                         Se Deus quiser quando eu voltar do mar
                                         Um peixe bom eu vou trazer

Chegou o dia e o rei mandou chamar o pescador a praça já estava pronta para o enforcamento.

Rei – Então Pescador!  Quero ver se o seu Deus existe mesmo. Mostre-me a chave que mandei que você guardasse.

Pescador – Viva Deus, no céu na terra e no mar. Tinha perdido a sua chave, mas achei-a dentro do peixe essa manhã. Aqui está sua chave.

Rei – Então esse Deus existe mesmo. Daremos todos viva a Deus.

Todos – Viva Deus! Viva Deus!
F i m

ENSAN – 10 de setembro de 2000
1º Encontro de exercícios, jogos e técnicas teatrais.

1.      Hipnotismo colombiano e suas variantes.
2.    Floresta de sons.
3.    Quantos As, existem no A.
4.    Os três duelos irlandeses.
5.    O vampiro de estrasburgo.
6.    Um dá medo outro protege.
7.    Completar a imagem.
8.    A viagem imaginária
9.    As duas revelações de Santa Teresa.
10.  O jogo do líder.
11.    O gênio da garrafa, com cadeira, mesa e pano.
12.  A imagem da palavra.
13.  Bloco do sujo.


2º Encontro – 19 de setembro.

1.      Salada de frutas (pêra, maçã ou laranja)
2.    O som das sete portas
3.    1,2,3 de Bradford
4.     Série jornal
5.    Três maneiras de dizer: Eu te amo (usando uma cadeira)
6.    A imagem da palavra ou máquina
7.    A imagem tela
8.    A lagarta
9.    Improvisação com bonecos





Danças e Cirandas


 Nossa intenção é resgatar nos educadores o uso pedagógico das cirandas e cantigas de roda, procurando mostrar sua importância na formação infantil e o lugar privilegiado que essas atividades ocupam enquanto forma de expressão de necessidades cognitivas, afetivas e sociais.

As cantigas de roda são canções utilizadas em brincadeiras de roda cantadas, realizadas como forma de recreação por adultos ou crianças. Sua formação clássica consiste em formar uma roda de mãos dadas, com o rosto voltado para o centro, movimentando-se para a direita ou para a esquerda, em andamento eleito pelo grupo.  A roda figura entre os brinquedos cantados mais difundidos entre as crianças, embora a formação em fileiras ou pares também sejam praticadas.

Muitas cantigas conservam resquícios de sua origem portuguesa, francesa ou espanhola. Fragmentos de romances, histórias, poesias, e relatos do cotidiano foram incorporados ao repertório infantil e, devidamente aculturados, passaram a representar o folclore tipicamente brasileiro. De tanto ouvir e repetir os ritmos característicos destas rodas cantadas, as crianças vão assimilando e marcando com traços regionais a sua musicalidade, e a produção musical de sua região ou país.

Deixar de cantar ou cantar pouco as canções folclóricas, tem como resultado o enfraquecimento dos traços culturais e a conseqüente fragilidade nos padrões de identidade social. Sem raízes que nos situam num tempo e num espaço único e peculiar, carecemos de valores, costumes, formas de expressão que permitam transitar entre a fantasia e a realidade. Com as canções de roda vamos aprendendo formas de utilizar a linguagem na expressão de sentimentos pessoais e na relação com os outros. As trocas mediadas por estas linguagens nos fazem compreender melhor a realidade que nos cerca.

A formação em círculos são as primeiras experiências coletivas de exploração dos espaços internos e externos. Os limites da roda funcionam como fronteiras ou alicerces das noções que desenvolvem a partir da distinção de dentro e fora, pertencer ou não pertencer, ser ou não ser.  Aprendendo com o corpo em movimento, a criança se situa, avança, volta, se aproxima, se afasta, se comprime e se liberta... e aprende os fundamentos das relações que precisa estabelecer para o desenvolvimento do seu pensamento.

Enquanto canta e gira, organiza seus movimentos no espaço, promove o desenvolvimento de estruturas temporais sem as quais não poderia sequer expressar-se de forma coerente.  Deslocamento de acentos, seqüências, rítmicas de variada composição, completam e enriquecem suas experiências. 

A coordenação espaço-temporal presente nas coreografias das rodas cantadas, representa o nível das aquisições cognitivas das crianças que as realizam.  Os movimentos realizados durante as rodas cantadas refletem uma necessidade interior de exercitar as coordenações de pensamento, numa explicitação clara da implicação do corpo na aprendizagem

Durante as rodas cantadas, a criança se movimenta porque precisa aprender, e aprende porque se movimenta, num protótipo da integração do corpo, do grupo e da aprendizagem de ser. A criança aprende em contato com os outros, sendo o grupo no qual está inserida o grande responsável pelas conquistas que realiza. A integração da criança no grupo inicia pela aceitação de sua pessoa a partir da identificação do seu nome e dos demais colegas.  Saber o nome de alguém é distinguí-lo num conjunto, para estabelecer com ele uma relação mais próxima. Sem essa identidade que o nome define, as trocas efetivas têm poucas possibilidades de garantir o ajustamento da criança no grupo.

Esta tarefa, tão facilmente realizada através das brincadeiras infantis, encontra nas cantigas de roda um vasto repertório, cuja execução abrevia o tempo de adaptação social, liberando a criança para investir em interações em outros níveis. As trocas sociais são facilitadas durante o canto em conjunto, pelo poder que este tem de aproximar as pessoas.  Contrabalançando momentos de atividade coletiva e de participação individual, as cantigas de roda dão espaço para o “eu” e para o “nós” na formação das crianças.

No bojo das interações sociais, as diferentes linguagens: corporal, musical e cênica, permitem aprendizagens cognitivas, afetivas e sociais nas diferentes áreas do conhecimento.  O texto e o esquema de repetições das cantigas de roda oferecem uma vivência muito rica da estrutura da língua materna.  A estrutura rítmica, diferente da linguagem corrente, constitui-se num outro tipo de vivência do idioma. Quadrinhas, rimas, refrães, estrofes de quatro e dois versos, encenações, diálogos, dramatizações, solos e cantos em uníssono, fazem parte da riqueza do vasto repertório de cantigas de roda.  O contato com esse material amplia e favorece a aproximação de formas cada vez mais complexas de linguagem.

Aspectos culturais perpassam os textos e decidem a configuração melódica das canções. A partir do que se estabelece em comum, as aprendizagens circulam e garantem o surgimento de uma linguagem capaz de expressar sentimentos e afetos próprios do ser humano,  imprimindo significado às vivências infantis.


Laerte Willmann é Terapeuta Corporal com formação em Bioenergética e Terapias Corporais Neo-Reichianas. É instrutor de Tai-Chi Chuan e instrutor de Danças certificado pelo International Network for the Dances of Universal Peace, uma rede internacional de "Dançarinos da Paz" com sede em Seatle (USA), presente hoje em 25 países.


Oficina de Relações Interpessoais

Quem somos nós, enquanto seres humanos?
O que há de essencial em cada um de nós?

Qual o sentido de nossas vidas?


          O mundo atual carece de uma expressão mais viva de humanidade; no sentido de amor, harmonia e sensibilidade.
          Vivemos as substituições: do ser pelo ter, do diálogo pelo monólogo, da união pela competição, do coletivo pelo individualismo, do humano pelo eletrônico.
          A crise que vivemos com a globalização vem, a cada dia, trazendo uma carga de sofrimento, isolamento e frustração ao homem moderno; o que tem gerado a perda da identidade, de valores e principalmente da própria essência de vida.
          A expressão surge com a vida e vida é o fluxo constante de energia que habita em nós. Vida é diferente de existência. Viver é a expressão mais plena da criatividade, em sintonia com a essência individual.
          Como é possível para um educador acolher, incluir e conhecer seus alunos (histórias, necessidades e dificuldades), se ele próprio não se reconhece em seu contexto de vida?
          O trabalho de grupo, através das relações interpessoais visa a conscientização do papel profissional e pessoal, para uma resignificação maior da própria existência. Através do desenvolvimento do olhar sensível, da possibilidade de escuta, da empatia, da comunicação de valores, do reconhecimento de preconceitos e comportamentos estereotipados, partimos de uma forma consciente em busca de ações mais construtivas.
          Segundo Gorbachev: "As pessoas tem sabedoria e um sonho de responsabilidade tão aguçados que não se pode, com se deve agir de forma audaciosa... Bem suponha que se cometa erros? E daí? Melhor corrigi-los do que sentar e esperar."
          Vivemos um momento em Educação que, segundo Geraldo Vandré: "Quem sabe faz a hora, não espera acontecer..."
          A hora é essa, o momento é significativo, a virada é necessária; pois, nossa vida é única e essencial.
          Muitos educadores dão para seus alunos o que têm, outros dão o que sabem e adquiriram como conhecimento.
Porque não desenvolvermos neles a possibilidade de dar o que realmente são?
         
Conteúdos a serem trabalhados:
Quem são?
O que pretendem?
O que podem dar de si?
O que pode e deve mudar em sua prática pedagógica?



M.ª Silvia S. Ferreira –
Psicopedagoga, professora, arte-educadora, especialista em relações interpessoais (dinâmica de grupo). Coordenou a equipe de atividades integradas da Secretaria Estadual de Educação do Rio de Janeiro. Fez parte da Coordenadoria de treinamento da Secretaria Extraordinária de Programas Especiais de Educação. Coordenou o Núcleo de Artes – NACCI – do CIEP Ipanema. Consultora e assessora na área de treinamento de pessoal. Coordenou a capacitação de diretores e professores de CIEPs, de animadores culturais e de oficiais do quartel general da Polícia Militar do RJ.
          Atualmente coordena o Projeto Re-Criar-Te, junto à Fundação para a Infância e Adolescência; faz parte da direção do centro de Pesquisa e Ações sociais e Culturais. Atuando em treinamento de diretores, supervisores, psicólogos e professores para a Secretaria de Educação do estado do rio de Janeiro e Secretarias de diversos Municípios do estado do Rio de Janeiro.







2001  -  PROGRAMA DE ATUALIZAÇÃO DE PROFESSORES

Objetivos

·         promover a discussão e debate sobre as reformas educacionais em curso no Brasil e no mundo;

·         criar espaços de discussão e troca de experiências a partir do cotidiano escolar;

·         sistematizar experiências de sala de aula (produção didático-pedagógica) para registro, divulgação e eventos;

·         incentivar o professor à reflexão e produção de pesquisas educacionais;

·         indicar bibliografias que contribuam para o desenvolvimento profissional e pessoal dos educadores;

·         discutir propostas e experiências interdisciplinares;

·         difundir conceitos e informações sobre cidadania e cuidados com o meio-ambiente.


Referencial Teórico

Considerando as pesquisas mais recentes em educação, nosso referencial teórico-metodológico encontra-se inserido em uma perspectiva sócio-construtivista de ensino-aprendizagem. Esta perspectiva ancorada, particularmente, em referenciais teóricos advindos da psicologia (Piaget, Ausubel, Wallon e, mais recentemente, Vygotsky), ressitua o aluno como sujeito pensante e, portanto, comprometido com o processo de construção do seu conhecimento.

Temas dos módulos

§    I - Construção Verbal e Literária
§   II - Artes Integradas
§  III - PCNs e Temas Transversais
§  IV - Políticas Sociais e Cidadania
§   V - Arte e Cultura
§  VI - Meio Ambiente e Comunidade











Proposta pedagógica e conteúdo programático das oficinas:


I - Construção Verbal e Literária
Noções de psicologia infantil e desenvolvimento da criança; o processo de construção do conhecimento; identidade; inteligência emocional e inteligências múltiplas;



II - Artes Integradas
Comunicação e expressão oral e outras linguagens; sensibilização e expressão corporal; a arte como fio condutor de experiências cognitivas; arte-educação;


III - PCNs e Temas Transversais   
Análise dos Parâmetros Curriculares e abordagens de temas transversais; o que muda no trabalho visando o desenvolvimento de competências e habilidades; a construção do projeto político-pedagógico da escola; a gestão democrática  e o planejamento participativo.



IV - Políticas Sociais e Cidadania
          A história da educação e das políticas educacionais no Brasil; a identidade do povo brasileiro; a atual configuração social e política e o papel da educação; as noções de direitos e deveres no ensino fundamental; organizações da sociedade civil e comunidades.


V - Arte e Cultura
Cultura popular, as histórias e suas origens, mapeamento cultural, danças e folguedos populares, danças circulares, técnicas teatrais, jogos e brincadeiras, ação cultural na escola.



VI - Meio Ambiente e Comunidade
           A realidade ambiental nos aspectos natural, social, econômico e histórico. A degradação ambiental e a ação antrópica, qualidade de vida e meio ambiente, desenvolvimento sustentável, práticas em educação ambiental. Participação coletiva e soluções criativas. Agindo localmente e pensando globalmente.


Especificação dos cursos:

 Os cursos serão ministrados em forma de oficina, com técnicas de dinâmicas de grupo, dramatizações, músicas e vídeos, em  turmas de até 35 professores.
Cada curso será acompanhado de uma apostila com textos teóricos, mensagens, exercícios, atividades para o professor, indicações de leituras  e filmes.