sábado, 9 de outubro de 2010

Temas do Brasil Imperial



No Brasil Colonial o escravo esteve presente em todas as atividades como nas lavouras, nas minas, nos serviços domésticos e urbanos; o negro foi a força de trabalho fundamental para a economia do ciclo do açúcar, do ouro e do café.
A mão-de-obra escrava continuou no Brasil Imperial até 1888.


Estudo Dirigido de História do 8º ano sobre o filme 
Mauá - O Imperador e o Rei de Sergio Rezende


            A Escravidão no Segundo Reinado


                  ►O trabalho escravo e o ciclo do café.

            Durante a segunda metade do século XIX o Brasil experimentou um progresso jamais visto antes, e esse progresso estava relacionado diretamente com o cultivo do café que passou ser a base da economia brasileira. O café provocou várias transformações no panorama brasileiro, entre elas a introdução do trabalho livre e assalariado após a proibição da importação de escravos em 1850. No entanto, mesmo depois do fim do tráfico a utilização do trabalho escravo continuou a todo vapor. Os cafeicultores para ter acesso aos escravos recorreram ao tráfico interno. As lavouras nordestinas que estavam em decadência passaram a vender seus negros para o Sul cafeeiro com preços altíssimos.
 Com o tempo os cafeicultores perceberam que a manutenção do trabalho escravo estava saindo bem mais caro do que o trabalho livre e assalariado, em vista disso os fazendeiros de café passaram a preferir a mão-de-obra do imigrante. Por esse motivo, muitos fazendeiros do Oeste Paulista apoiaram o abolicionismo.
            A questão do negro é muito bem retratada no filme, cujo foco central é a vida de Irineu Evangelista de Souza, o Barão e Visconde de Mauá, títulos estes concedidos por Dom Pedro II após 1850. Desde muito jovem Irineu se mostrava contrário à escravidão e, com o passar dos anos tornou-se um abolicionista fervoroso.  

Mercado de Negros da Rua do Valongo no Rio de Janeiro. Triste cena desenhada por João Batista Debret, que veio na Missão Artística Francesa convocada por Dom João em 1816. Debret permaneceu no Brasil até 1831 e retratou em suas telas e aquarelas os principais acontecimentos da História e dos costumes brasileiros na época.












































 
Mercado de Escravos













A Escravidão retratada no filme: Mauá - O Imperador e o Rei  de Sérgio Rezende
Irineu ao chegar ao Rio de Janeiro com Batista, seu tio, vai trabalhar como caixeiro no armazém do português Pereira de Almeida, um dos maiores traficantes de escravos da época.
No armazém, Irineu presenciou transações de vendas, onde os escravos eram tratados como peça, e os maus tratos que sofriam. Irineu não concordava com as condições desumanas, considerava uma grande injustiça tratar mal as pessoas. Foi também no armazém que Irineu conheceu o escravo Valentim e fez amizade com ele.
            Ao dar seus primeiros passos para se tornar um grande comerciante Irineu tomou a iniciativa de comprar o escravo Valentim. Através de um gesto simbólico libertou o amigo: deu a ele um par de sapatos. Os escravos eram proibidos de usar calçados. Apesar de ser livre Valentim continuou trabalhando para Irineu em sua casa, realizando serviços domésticos. Essa relação afetuosa durou até a morte do negro que foi presenciada pelo patrão e amigo.
            Outro ponto importante que demonstra a posição abolicionista de Irineu é retratado na cena em que ele compra o Estabelecimento de Fundição e Estaleiro da Ponta de Areia incluindo os escravos que nela trabalhavam. A primeira iniciativa de Irineu foi dizer para os negros que eles iriam continuar trabalhando, porém, não mais sob o regime de escravidão. Os negros receberiam um salário, possibilitando, dessa forma, a compra da carta de alforria, da liberdade. É interessante perceber, que os negros ao receberem a notícia que teriam possibilidade de comprar a liberdade, não demonstraram nenhuma reação de felicidade, uma vez que essa era uma promessa corriqueira feita pelos senhores e que nunca era cumprida.


O filme mostra o cotidiano dos negros trabalhando nos serviços urbanos e domésticos; mostra também a cultura africana, que fica evidente pela referência a Iansã, divindade cultuada pelos escravos e citada na cena do temporal pela mucama Matilde: “Ninguém pode com a força de Iansã”. As negras mucamas são vistas constantemente nas cenas que se passam na casa do casal May e Irineu, porém, é interessante observar que todas as negras estão calçadas.
           
Irineu Evangelista de Souza frente a sua posição liberal e abolicionista dizia que a escravidão era um atraso para o desenvolvimento do Brasil. Para embasar sua idéia, cita o caso da Inglaterra que depois de acabar com a escravidão em suas colônias ascendeu economicamente e se tornou potência industrializada. Para Irineu, o fim do trabalho escravo possibilitaria o desenvolvimento econômico do Brasil e conseqüentemente sua industrialização.
Devido suas idéias abolicionistas, Irineu bateu de frente com os conservadores do Império, pois eles sabiam que sem o trabalho escravo o Império não resistiria por muito tempo, tal como afirmou Visconde de Feitosa: “Acabar com os escravos é acabar com o Império”.


2022 texto produção Brasil Paralelo
A mídia não mostra mais os fatos envolvendo a Princesa Isabel e a abolição da escravidão.

 

A história de nosso país é muito mal contada.

Nas últimas décadas, percebemos um esforço da televisão e do noticiário em ridicularizar os heróis que fundaram nosso país.

 
 
 
 

Afinal de contas, o fim da escravidão se deve mesmo à atuação da Princesa Isabel?

Quando se pensa quem foi a Princesa Isabel, geralmente se lembra o período em que ela governou o Brasil e sancionou a Lei Áurea, mas sua vida pública começou bem antes disso.

No dia 29 de julho de 1871, a Princesa Isabel, ao completar 25 anos, se tornaria a primeira senadora do Brasil. Diante dos personagens mais importantes do Império, ela foi a primeira mulher eleita para o cargo e depois a primeira a ser chefe de Estado em todo o continente americano.

 

No mesmo ano, a Princesa Isabel sancionou a Lei do Ventre Livre, que propunha que filhos de escravos nascidos no Brasil a partir de 1871 nasceriam livres, e seriam libertos aos 8 anos, com uma indenização, ou aos 21, sem qualquer preço.

Esse foi um importante passo na gradual abolição da escravatura, muito antes da escravidão se tornar uma demanda nacional espalhada nos quatro cantos do país.


Não é nenhuma novidade que  formadores de opinião e professores universitários desmereceram o papel de Isabel na abolição.


Quando perguntados quem foi a Princesa Isabel, insistem que seu papel na abolição foi "nulo", quase como se ela fosse obrigada a sancionar a Lei Áurea.

 


Os fatos não sustentam essa narrativa.

A Princesa Isabel sustentava um quilombo para onde os escravos fugiam, o famoso quilombo do Leblon.

O atual bairro de luxo da cidade do Rio de Janeiro era um renomado quilombo para onde alguns escravos fugiam e ele era sustentado pela Princesa Isabel, dada a sua dedicação e devoção à causa do abolicionismo.

É por conta deste quilombo que a flor camélia, uma bela flor branca, tornou-se símbolo da luta abolicionista. Os seus moradores cultivavam esta flor. A própria princesa trajava a flor na lapela de suas roupas.

A princesa, portanto, patrocinou esse quilombo e ajudou escravos a se emanciparem. Só isto já evidencia seu papel na causa abolicionista. Mas ela fez muito mais.

Quando a abolição se tornou uma demanda nacional, a princesa já era grande aliada do movimento abolicionista, o principal motor da abolição.

E para então sancionar a Lei Áurea e pôr um fim definitivo a escravidão, não foi necessário somente assinar uma lei:

  • Isabel precisou derrubar o Gabinete de Ministros do Barão de Cotegipe, um famoso defensor da escravidão, para poder nomear o abolicionista João Alfredo Corrêa de Oliveira. e assim poder propor ao Parlamento a lei e finalmente aprová-la.

  • A história conta que Isabel encomendou uma pena de ouro para assinar a Lei Áurea e dedicou a abolição ao seu pai e sua família, concretizando o ato no dia do aniversário de Dom João VI.


A princesa sabia que ao assinar a lei poderia colocar em risco a monarquia e seu governo, pois a pauta republicana avançava no país. E foi de fato o que ocorreu apenas um ano depois.

Já no exílio, narram seus biógrafos que lhe perguntaram:

“Se adivinhasse que perderia o Trono, teria assinado a Lei?”.

Isabel respondeu:
“Quantos tronos houvessem a cair, eu não deixaria de assiná-la”.

Ela sabia que a escravidão, antes de mais nada, era um atentado contra a dignidade da pessoa humana e não apenas um motivo político.

A Lei Áurea libertou cerca de 700 mil escravos que ainda havia no país e foi a grande conquista do abolicionismo no Brasil.

Isabel passou a ser chamada de Redentora e a história do Brasil nunca mais foi a mesma. Mesmo assim, sua história é frequentemente desmerecida justamente nos lugares em que deveria ser enaltecida.

Vivemos em um país muito mal tratado, muito mal cuidado e o atraso grita de um modo silencioso.

Nossos monumentos registram a realidade do que vivemos hoje, ocultando virtudes e expondo a depreciação da nossa própria história.

O Brasil está assim, mas o Brasil não é assim.

Precisamos ver as qualidades das grandes personalidades que aqui viveram.

É necessário buscar verdadeiras referências.

Só assim formaremos uma geração que carrega em sua memória imagens de pessoas virtuosas e exemplos concretos de coragem e sacrifício.