segunda-feira, 31 de maio de 2010

O MUNDO ANTIGO

O MUNDO ANTIGO

Os tempos históricos compreendem apenas os últimos 6 mil anos. Antes disso, os seres humanos viviam no estagio da pré-história.
Nesta aula vamos estudar sobre os primeiros passos da humanidade, o desenvolvimento das civilizações antigas ate os grandes impérios que mais influenciaram na formação do nosso mundo. Veremos como os humanos dominaram o fogo, criaram instrumentos e aprenderam a passar seus conhecimentos aos descendentes.

A pré-história

Todos os seres humanos são históricos porque produzem cultura. No entanto, nem todas as sociedades registram a sua História. Dizemos que um grupo esta na pré-história quando o conhecimento é transmitido oralmente pelos mais velhos, e não pelos documentos escritos. Inúmeras sociedades ainda estão nesse estagio, como povos indígenas no interior da Amazônia, na Nova Guiné, na Austrália e na África.
Para os historiadores, o período da pré-história se estende por até 5 milhões de anos. Ele compreende a evolução dos hominídeos, ancestrais do homem, o surgimento dos primeiros instrumentos de paus, pedras e ossos, o domínio do fogo, o surgimento do pastoreio, da cerâmica e da agricultura. Como os instrumentos de pedra são quase tudo o que conseguimos encontrar sobre esses humanos primitivos também chamamos a pré-história de idade da pedra.
                            De acordo com as ferramentas de pedra encontradas, os Historiadores fizeram duas classificações - paleolítico, ou idade da pedra lascada, e neolítico, ou idade da pedra polida. Os objetos do período paleolítico são muito rústicos, parecem naturais, no entanto, os humanos desse período há cerca de 500 mil anos, dominaram a técnica do fogo, que nos diferenciou, definitivamente, de todos os outros animais.
                            O fogo nos fascina até hoje. Quem não gosta de ficar em volta de uma fogueira sob as estrelas? Pois foi justamente em volta da fogueira que o ser humano se transformou num produtor de cultura, aperfeiçoando técnicas, desenvolvendo a linguagem, ensinando os descendentes.

Atividade 1
PAINEL DE IMAGENS – cole ou desenhe atrás e escreva legendas explicativas - ILUSTRAR COM A IMAGEM DA CRIACAO DO HOMEM DE MICHELANGELO NA CAPELA SISTINA E FIGURAS RUPESTRES DE ALTAMIRA, LASCAUX, AFRICA E DO BRASIL - O ser humano sente necessidade de se expressar e de registrar a sua existência. Na pré-história surgiram as primeiras imagens, pinturas realizadas nas rochas. As pinturas rupestres resistiram por milhares de anos para, no século XXI, continuarem narrando o cotidiano, crenças e rituais.

 AS IMAGENS PODEM SER ACRESCIDAS DE GUERNICA, NASCIMENTO DE VENUS, E CENAS DO FILME O PACIENTE INGLES, DAS IMAGENS RUPESTRES. - O IMPORTANTE E DESTACAR O PODER NARRATIVO DAS IMAGENS, IMAGENS QUE CONTAM HISTÓRIAS. GRANDE PARTE DA HISTÓRIA DA HUMANIDADE SO PODE SER RECONHECIDA PELOS FRAGMENTOS DE IMAGENS E ESCRITAS ANTIGAS.

E como é que podemos saber de tudo isso? Os especialistas inventaram tecnologias para descobrir a idade dos vestígios materiais. Assim podem datar os fósseis e sedimentos minerais. Fósseis são restos de seres vivos que se petrificaram. No local de um acampamento, o lixo deixado pelos humanos pré-históricos, tem muitas pistas sobre o seu modo de vida.
No final do período paleolítico, cerca de 40 mil anos, os humanos despertaram para a arte e com tintas especiais feitas de sangue e gordura de animais, com pigmentos vegetais e minerais produziram pinturas maravilhosas. Chamamos de arte rupestre, pois o que restou delas ficou conservado nas paredes de grutas e cavernas. Impressiona o fato de essa arte estar presente em todos os continentes. Associadas a essas imagens também apareceram esculturas em pedras e ossos, adereços e vestígios de sepultamentos com rituais.

                            Os homens do neolítico aprenderam muito. Inventaram canoas, aperfeiçoaram as armas de caça criando o arco, e flechas e lanças de ponta de pedra, machados de pedras mais resistentes, enxadas, pilões e cerâmicas diversas.

VAMOS PENSAR UM POUCO
Em cada região, de acordo com a natureza, os homens inventaram soluções diferentes para sobreviver. Pense em como vivem os esquimós no Ártico, os beduínos no deserto do Saara, os índios na Amazônia; o que comem, como fazem suas casas, como é o seu trabalho.     
Se a gente falar da humanidade como um todo, a pré-história terminou há cerca de 6 mil anos atrás, quando surgiram as primeiras escrituras. Elas foram criadas por povos que se desenvolveram e se organizaram em sociedades urbanas, com especialização no trabalho e funções sociais.

Atividade 2
ILUSTRAR COM TABUINHAS CUNEIFORMES, HIEROGLIFOS E OUTRAS ESCRITAS ANTIGAS - As sociedades que desenvolveram a escrita deixaram documentos sobre o seu cotidiano, sobre suas leis, e religião. Por isso podemos conhecer mais sobre os povos que deixaram documentos escritos.

A revolução da agricultura há 12 mil anos

Os progressos técnicos como o uso do fogo e os instrumentos de pedra facilitaram muito a sobrevivência do ser humano. Mas o que revolucionou mesmo foi a domesticação de plantas.
Agora vamos desenvolver o conceito de revolução, muito importante para o estudo da História.
Você consegue imaginar como era difícil conseguir alimentos na natureza? Os grupos que eram coletores devem ter percebido que as sementes caídas germinavam e, por certo, passaram a cultivá-las para aumentar a produção. O cultivo de grãos de trigo, cevada e arroz, associado com o pastoreio, permitiu uma alimentação melhor.
Você percebeu como houve uma mudança radical na forma de se conseguir alimentos? Veja agora o surgimento de um novo modo de vida.
Foi o desenvolvimento da agricultura que permitiu o desenvolvimento das civilizações, ou grandes sociedades organizadas. As primeiras cresceram perto de grandes rios, que inundavam todos os anos as várzeas, deixando uma camada de terra fértil.
Aos poucos os grupos de agricultores aumentaram. A grande produção precisou de profissionais especializados como os ceramistas, ferreiros, carpinteiros, pedreiros e mercadores. Também tiveram que se fortificar para enfrentar ataques de tribos nômades que vinham roubar alimentos. Então surgiram os guerreiros, os reis, sacerdotes, a organização do poder e os escribas para anotar tudo.
Revolução, portanto, é uma mudança radical que da origem a uma nova realidade.
O aparecimento de sociedades organizadas aconteceu quase que simultaneamente, por volta de 4.000 a.C., na região do crescente fértil, no subcontinente indiano, junto ao rio Indo, e no rio Amarelo, na China. Algumas civilizações antigas são mais difíceis de estudar por causa da sobreposição dos povoamentos, muitas vezes apagando os vestígios do passado.

Atividade 3
Ilustrar com mapa - O Crescente Fértil
As primeiras cidades surgiram junto aos rios Nilo, Eufrates, Tigre e Jordão. Essa região, hoje, é chamada de Oriente Médio. Os historiadores também chamam de Crescente Fértil por causa do formato de lua crescente que forma sobre o mapa.

O Egito
O Egito é a mais famosa das civilizações da antiguidade. Surgiu junto ao rio Nilo, no norte da África. Os egípcios desenvolveram uma sofisticada sociedade que durou 4 milênios. Nenhuma sociedade durou tanto e nem deixou tanto material para ser estudado. Os hieróglifos, a escrita sagrada dos egípcios, foram decifrados em 1822. De lá para cá, milhares de textos têm sido traduzidos. Para os documentos comuns e o ensino os egípcios escreviam em papiro uma escrita mais simples chamada demótico.

Chamamos de papiro o papel feito com fibras de papiro, uma espécie de junco, muito comum nas várzeas do rio Nilo.

Os egípcios imortalizaram a sua cultura registrando em pedra, nas paredes, desenhos e textos. Assim cada templo, cada monumento e cada sepulcro é uma verdadeira biblioteca. A cultura egípcia era centrada na religião. Entrou em decadência após o domínio romano e extinguiu-se com a imposição do cristianismo, no século V.


A Mesopotâmia
Na planície entre os rios Tigre e Eufrates, onde hoje é o Iraque, encontram-se cerca de 10 mil sítios arqueológicos, ou seja, ruínas de antigas aldeias e cidades. Essa região foi intensamente povoada e disputada por inúmeros povos como os acadios ou caldeus, sumérios, assírios, babilônios e persas. Milhares de monumentos, de objetos de arte e documentos escritos foram removidos e levados para museus em todo o mundo. E ainda há muito para ser estudado. Infelizmente, as constantes guerras têm inviabilizado o trabalho dos arqueólogos.
Os documentos das primeiras civilizações mesopotamicas consistem, principalmente, de placas de argila, tipo telhas lisas, onde gravavam com estiletes uma escrita chamada de cuneiforme. Depois de secadas ao sol e queimadas nos fornos essas cerâmicas eram arquivadas. Os documentos que ficavam ao ar livre eram gravados em pedras, chamadas estelas.

Atividade 4
ILUSTRACAO O CODIGO DE HAMURABI - Dentre os documentos mais importantes recolhidos na mesopotâmia esta o código de Hamurabi, gravado numa pedra negra, cerca de 1700 a.C., o mais antigo código jurídico escrito.

Os fenícios
Na região do Líbano, cerca de 2000 a.C , desenvolveu-se a civilização fenícia, especializada em navegação e comercio. Os fenícios trocavam mercadorias por todo o mar Mediterrâneo e fundaram inúmeras colônias e rotas de caravanas. Não tinham um reino unificado, mas diversas cidades-estado. Seu território não era próprio para a agricultura, mas tinha florestas com excelente madeira, que era trocada por cereais. Alem de embarcações, os fenícios produziam muitas manufaturas como ferramentas, vidros, jóias, tintas e perfumes.
A escrita desenvolvida pelos fenícios era alfabética, o que facilitava muito os registros de transações comerciais. Esse alfabeto foi aperfeiçoado pelos gregos e chegou até nós, através dos romanos.

Os hebreus
Os hebreus são o povo da Bíblia. Assim como os fenícios, não fundaram um grande império, porem nos transmitiram um importante legado religioso. A primeira parte da Bíblia, o antigo testamento, tem inúmeras referencias históricas. Esse conjunto de livros, considerados sagrados também pelos cristãos, foi se formando aos poucos, durante um período de 1.200 anos. Graças a sua religião, israelita ou judaísmo, os hebreus mantiveram a sua identidade cultural, mesmo após a diáspora, imposta pelos romanos, a partir do primeiro século depois de Cristo.

Atividade 5
ILUSTRAR COM PERGAMINHOS OU TORA - Os hebreus registravam a sua História e os preceitos religiosos em rolos de couro de cabra chamados pergaminhos.

O Império Persa

Os persas criaram o primeiro grande império mundial. Durante 64 anos, de 550 a 486 a.C, conquistaram todo o oriente médio, o Egito, e parte do subcontinente indiano. Apenas os gregos conseguiram barrar o seu avanço em direção `a Europa.
Os imperadores persas recrutavam os melhores guerreiros de todos os povos para fazer parte do seu exercito e manter a segurança. Criaram uma eficiente administração dividindo os seus domínios em províncias, e criando portos, estradas e correios para agilizar as comunicações. Isso também contribuiu para o aumento extraordinário das trocas comerciais e culturais. Os persas disseminaram conhecimentos e técnicas de povos diversos.
A religião persa foi criada por Zaratustra, no século VI a.C. sua doutrina esta no livro sagrado Zend-Avesta. O Zoroastrismo tem muitos ensinamentos morais e princípios religiosos comuns ao judaísmo, cristianismo e islamismo, como as idéias do bem e do mal, juízo final, salvação no céu, condenação ao inferno e ressurreição dos mortos.

Atividade 6
ILUSTRAR COM MOSAICOS DO PALACIO DA BABILÔNIA – FIGURAS DE LEÃO, DE CARROS E ASSÍRIOS

Alexandre Magno

O império Persa foi conquistado por Alexandre da Macedônia, em 330 a.C. O jovem conquistador grego estendeu suas conquistas ate a Índia e manteve a estrutura político-administrativa. Mandou construir cidades para serem novas capitais do seu governo. A mais famosa foi Alexandria do Egito, na qual Alexandre mandou reunir copias dos melhores livros de todos os povos, formando a maior biblioteca do mundo antigo.
Alexandre morreu em 321 a.C, e todo esse gigantesco império foi dividido entre  quatro generais. Durante algum tempo não houve um império universal, mas isso iria mudar com o fortalecimento de Roma e suas conquistas.

O Império Romano

Com um exército muito disciplinado e bem armado, as vitórias faziam os romanos acreditarem que estavam destinados a dominar o mundo. Os saques, recompensas em dinheiro, escravos e terras, motivavam os legionários e nobres romanos `as guerras de conquista.
Os romanos costumavam levar o melhor de cada povo para Roma. Ao conquistarem as cidades gregas, que eram culturalmente mais sofisticadas em arte e tecnologia, não as destruíram. Incorporaram os seus conhecimentos `a cultura romana. Os filósofos e artistas gregos passaram a ensinar em Roma, e a projetar monumentos, templos e palácios. Por isso nos referimos a cultura greco-romana, como o estilo clássico.

 Na época do nascimento de Cristo, Roma havia se tornado o maior e mais poderoso império de todos os tempos. De todos os povos conquistados afluíam riquezas e conhecimentos para Roma. A eficiente administração das regiões conquistadas, a abertura de estradas, portos e linhas marítimas, sistema de correios e incentivo ao comercio transformaram o mundo civilizado. As mercadorias eram transportadas com segurança desde as regiões mais remotas - seda e porcelana da China, especiarias, ébano, marfim e perolas da Índia, ouro, marfim, peles, animais e escravos da África. As províncias mais ricas eram o Egito, exportador de trigo, papiro e linho, e a Espanha, grande produtora de azeite e de metais preciosos.
Os romanos impuseram o seu modelo de organização urbana. As cidades passaram a ter espaços públicos bem definidos, tanto administrativos, o fórum, quanto de lazer, como praças, teatro, circo, termas, e infra-estrutura, rede de água e esgoto, banheiros públicos, mercado. Nas estradas havia postos de trocas de cavalos, e albergues. O latim era a língua oficial e os cidadãos locais podiam, se aprendessem a língua, receber a cidadania romana, e se candidatar a cargos públicos. A dedicação ao serviço publico, administrativo ou militar, era a maior realização do homem romano.

Atividade 7
VER IMAGENS DO FILME BEN-HUR,  O CIRCO ROMANO COM A CORRIDA DE BIGAS, A POMPA DOS DESFILES EM ROMA- desfile romano e circo em Jerusalém

O FILME O GLADIADOR TAMBEM TEM EXCELENTES IMAGENS, NO MAKE-UP, DE MONUMENTOS, E DO COLISEU
Cena pela via Apia

O trabalho, no mundo romano estava destinado aos escravos. E não eram só os prisioneiros de guerra. Qualquer pessoa poderia ser escravizada, caso fosse condenada por crime, rebelião, ou mesmo se  vendida pelo pai.



Atividade 8

ILUSTRAÇÃO – AQUI SE PODE MOSTRAR UM TRIBUNAL DE JURI ATUAL E UM FRONTISPÍCIO DE FORUM ROMANO OU IMAGEM  DO CÓDIGO DE JUSTINIANO. .pesquisar
Nas sociedades todos se comportam obedecendo a uma série de normas escritas, que são as leis. O conjunto das leis é chamado de Direito. Esse foi um importante legado romano. Ainda hoje muitas das leis em vigor no mundo ocidental têm por fundamento o antigo Direito Romano.

Foi justamente entre os escravos, o povo oprimido e sofredor que a mensagem de esperança do cristianismo se disseminou. Os apóstolos de Jesus tiveram facilidade de viajar e pregar o Evangelho. Alguns imperadores perseguiram os cristãos por causa da sua recusa em prestar culto ao imperador, de participar das cerimônias oficiais e do serviço militar. No entanto, o cristianismo se expandiu para todas as províncias do império e por fim se tornou a religião oficial no século IV.  A partir daí, a igreja de Roma se tornou a principal, organizou a doutrina e a estrutura administrativa nos moldes do império.

Relembrando

Nesta aula vimos como nossos ancestrais evoluíram e passaram a utilizar paus, lascas de pedras e ossos como armas e ferramentas. Nesse longo período, chamado de paleolítico, nossos antepassados eram nômades e se dedicavam a caca, pesca e coleta de frutos e raízes. No neolítico, os instrumentos passaram a ser mais elaborados e surgiu a técnica da cerâmica. Finalmente ocorreu a primeira grande revolução, que foi a domesticação de plantas. A agricultura melhorou a alimentação e provocou o aumento do numero de pessoas e a fixação em aldeias e cidades. Finalmente vimos como essas primitivas cidades progrediram, se organizaram, e surgiram os grandes impérios da antiguidade.

O tempo não para

No final do século IV, o imperador Teodósio fez uma reforma administrativa e dividiu o império em dois. O Império Romano do Oriente, com capital em Constantinopla, manteve-se até 1453. O império ocidental, com sede em Roma, entrou em crise, foi invadido por povos germânicos, e chegou ao seu fim em 476. Daí por diante a Europa viveria anos de insegurança, de ruralizaçãoo e declínio do comércio, até se firmar uma nova ordem social conhecida como feudalismo.

ZÉ NINGUÉM

Você conhece o Zé Ninguém?

Veio a escola e não estudou

Trabalha duro e recebe vintém

Ou nunca trabalhou

Vive as custas de alguém

Enquanto o professor falava

Zé ninguém só brincava

O dever nunca fazia

Hoje de barriga vazia

Lembra o tempo que perdeu

Na Deodoro não valeu.

SEM PAZ NUNCA MAIS

Deus me livre da covardia

Desses pequenos bandidos

Bandidinhos nervosos

Perdendo a alma pro diabo

Pra queimar na danação eterna

Condenados sem perdão

Sem paz nunca mais

NA HISTÓRIA É ASSIM

Quem conhece o passado

E olha bem o presente

Consegue prever o futuro

Simples assim

Veja bem meu aluninho

Como viveu seu antepassado

Pense se você ta diferente

Ou segue no mesmo caminho

MENDIGOS DA GLÓRIA

MENDIGOS DA GLÓRIA

Veja você que veio aqui estudar

O mendigo na rua sentado

Daria tudo pra estar no Seu lugar

E hoje não ser um derrotado.

Quem não quiser vender bagulho

Ao contrário bom emprego quer ter

Estude muito e tenha orgulho

Você tem muito que aprender

Preste atenção - não faça barulho.

BARANGA NÃO NASCEU

Um dia já foi novinha

Usava shortinho, vestia bustiê

Cabelo alisado, chapinha e henê

Pensava do tempo que era infinito

Pensava em garoto que era bonito

Não via motivo, não via por que

Pensar na vida? Pense você!

Estudar não queria

Na aula só folia

Mal criada e respondona

Parecia a rainha da zona

Dos treze aos dezoito é só um biscoito

Nabisco ou Trakinas

Todos engordam, não tem colher

E a tchutchuca virou mulher

Enquanto as outras eram meninas

Dizem que Deus ajuda quem cedo madruga

Mas hoje em dia, só quem estuda

E o tempo é cruel

Pra quem não sabe se cuidar

Não encontra homem fiel

Pra seu filho sustentar

Mora num cafofo e não tem mobília

Vive do bolsa família

A coitada não tem cultura

O seu lápis é sem grafite

Também não tem mais cintura

E a coxa é só celulite.

Pois sem tratamento

Que requer financiamento

O bumbum arrebitado

Foi ficando despencado

Virou bunda de moranga

E de modo debochado

Todos a chamam Baranga.

SÉCULO XVIII


A Sociedade Brasileira passou por importantes transformações no século XVIII. A descoberta de ouro em grandes quantidades impulsionou o surgimento de várias cidades e permitiu o desenvolvimento de atividade comerciais e produtivas. Mas, o que ocorria no mundo naquele século XVIII? E como o Brasil se relacionava com este mundo?

A Era das Revoluções e a Crise do Sistema Colonial

DOCUMENTO: DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO DE 26/08/1789
Esta Declaração foi aprovada por uma Assembléia Nacional Constituinte eleita pelo voto de todos os homens adultos franceses, durante os acontecimentos que ficaram conhecidos como Revolução Francesa. Ela desmontava um a um, desde os seus três primeiros artigos, os princípios fundadores da sociedade européia até então.
"Art. 1 - Os homens nascem e permanecem livres e iguais em direitos. As distinções sociais não podem ser fundadas senão na utilidade comum.
Art. 2 - O fim de toda associação política é a conservação dos direitos naturais e imprescritíveis do homem. Estes direitos são a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência à opressão.
Art. 3 - O princípio de toda soberania reside essencialmente na nação. Nenhum corpo, nenhum indivíduo pode exercer autoridade que dela não emane expressamente.
Art. 4 - A liberdade consiste em poder fazer tudo o que não prejudicar outrem: assim, o exercício dos direitos naturais de cada homem não têm limites senão aqueles que assegurem aos outros membros da sociedade o gozo desses mesmos direitos. Tais limites só podem ser determinados pela lei.
Art. 5 - A lei não tem direito de proibir senão as ações prejudiciais à sociedade, tudo o que não é proibido pela lei não pode ser impedido e ninguém pode ser constrangido a fazer aquilo que ela não ordene.
Art. 6 - A lei é expressão da vontade geral, todos os cidadãos têm o direito de concorrer pessoalmente ou pelos seus representantes para a sua formação. Ela deve ser a mesma para todos, quer proteja, quer puna. Todos os cidadãos, sendo iguais a seus olhos, são igualmente admissíveis a todas as dignidades, lugares e empregos públicos, segundo a sua capacidade e sem outra distinção, que a das suas virtudes e dos seus talentos".
Em seu artigo primeiro, a Declaração afirmava que todos os homens nasciam iguais em direitos. Isto queria dizer que o simples nascimento não podia mais ser fundamento das distinções sociais, como até então acontecia (Vamos dar alguns exemplos: um nobre era nobre porque nascia nobre. O mesmo valia para aqueles que eram servos, especialmente no mundo rural. Valia mais ainda para aqueles que nasciam escravos nas colônias americanas.)
Em seu artigo segundo falava em "direitos naturais", entre eles o direito à liberdade e à propriedade. Até então o rei era, em última instância, senhor de toda a propriedade e fiador de toda a liberdade. Seu poder era absoluto e todos os "direitos" eram uma espécie de concessão da vontade real. Pela Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão passavam a existir direitos individuais que estavam acima do poder do rei ou dos governos de uma maneira geral. A Declaração como um todo consagraria para a posteridade a noção de indivíduo e de direitos individuais, até então quase inexistente.
Em seu artigo terceiro, a Vontade Divina (até então considerada a fonte do poder real) foi substituída pela NAÇÃO como fonte do poder do Estado. A Declaração não explicitou, entretanto, quem FORMAVA A NAÇÃO e como ela se representava. Os conflitos sobre estas questões vão marcar o tumultuado desenrolar do processo revolucionário na França.
A Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão, bem como a maioria das ideias revolucionárias que circulavam na Europa em finais do Século XVIII, fizeram parte de um movimento de ideias chamado Iluminismo.
O Iluminismo foi um movimento intelectual que se baseava na idéia de que apenas através da RAZÃO era possível compreender e explicar o mundo. Por isso, todas as explicações dadas por algum tipo de autoridade, o rei absoluto ou Deus, não podiam ser aceitas.
Os filósofos se autodenominavam iluministas porque acreditavam que as luzes da razão iluminariam as trevas vividas pela Humanidade até então e explicariam o mundo. O homem era um ser racional e através de sua razão ilimitada poderia conhecer e transformar o mundo indefinidamente.
Podemos dividir estas ideias basicamente em três grupos:
a. políticas: para os filósofos iluministas o poder não podia estar concentrado nas mãos de uma só pessoa. Montesquieu (1689-1755), elaborou a Teoria dos Três Poderes, na qual os poderes executivo (governa), legislativo (elabora as leis) e judiciário (justiça) existiriam em separado e em equilíbrio. Esta teoria será aplicada primeiramente nos EUA, no momento da Independência em 1776. Os filósofos também contestavam a falta de liberdade política e religiosa e defendiam portanto a tolerância, o fim das perseguições e da tortura, muito comum no período do Antigo Regime, assim como os castigos físicos em público daqueles que questionavam ou ofendiam o rei ou as instituições.
b. econômicas: o liberalismo econômico defendido por Turgot e Adam Smith atacava o monopólio, o sistema colonial, que impedia o livre comércio e o crescimento dos países, e a forte intervenção do Estado na economia. Achavam que a economia obedecia às leis do mercado e que a intervenção real atrapalhava o crescimento da economia. O comércio também deixava de ser a atividade principal; era preciso investir na agricultura e na indústria, pois para eles o trabalho era a maior fonte de riqueza e não apenas a circulação de mercadorias.
c. sociais: Rousseau é talvez o melhor exemplo com suas ideias de igualdade jurídica (todos os homens são iguais perante a lei), negando a desigualdade natural entre os homens, ou seja aquela que é dada pelo nascimento. Era o fim da nobreza e seus privilégios.
Na Europa, estas ideias responderam a diferentes anseios dentro do Terceiro Estado, formado por todos aqueles que não eram nobres ou religiosos. Comerciantes e industriais, pequenos e grandes empresários que haviam enriquecido e que formavam a burguesia, interessavam-se pelas ideias de liberdade econômica, jurídica e religiosa. Aos camponeses também interessava a supressão dos privilégios dos nobres sobre suas terras e das várias obrigações que ainda eram forçados a pagar na condição de servos. Os trabalhadores urbanos, que começavam a surgir com a Revolução Industrial, em breve se interessariam pelas ideias de sufrágio universal, representação política, cidadania e igualdade. As ideias iluministas do Século XVIII foram matrizes tanto do pensamento liberal, quanto do pensamento socialista no Século XIX.
Em finais do Século XVIII, muita coisa mudava também no mundo colonial. O Sistema Colonial baseado no monopólio e na mão-de-obra escrava sofria críticas por parte dos filósofos europeus e era ameaçado pela nova realidade econômica resultante da revolução industrial.
Apesar das proibições metropolitanas à entrada de livros e à instalação de jornais de oposição à metrópole, as ideias liberais conseguiram chegar ao Brasil, principalmente através de colonos que iam à Europa, muitos dos quais para estudar. Ao voltar, divulgavam estas ideias e muitos promoviam grupos de discussão em sociedades secretas. Ao mesmo tempo, o primeiro rompimento entre colônia e metrópole representado pela independência dos EUA movimentou os colonos e começou a crescer entre eles o desejo de liberdade.
Em 1789, ano da Revolução Francesa, um movimento dos colonos e intelectuais da colônia tentaria, se não tivesse sido denunciada, libertar a região das minas de Portugal. Foi a Conjuração Mineira. Sabemos que a região das minas possuía algumas características especiais no contexto colonial. Era uma região mais urbana, mas nem por isso seus habitantes conviviam com o conforto. As condições de higiene e de circulação nas cidades e por toda a colônia eram muito precárias. Mas o que mais incomodava os colonos da região mineradora era o monopólio e principalmente a rígida fiscalização da exploração dos metais preciosos.
Durante muito tempo, os colonos suportaram uma pesada carga de impostos. Porém, no final do Século XVIII a produção do ouro diminuíra muito e a pobreza começava a dar seus primeiros sinais. Apesar disto, a política metropolitana não aliviou a pressão.
As ideias de liberdade ganhavam cada vez mais adeptos entre a elite colonial da região e um grupo de estudantes, padres e escritores programou uma revolta que livraria a região das minas do domínio português para o dia da derrama, isto é, o dia em que os impostos atrasados seriam cobrados. Seria fundada uma república em Minas Gerais, uma universidade seria criada, assim como algumas manufaturas, até então proibidas pela metrópole. Porém, o movimento foi denunciado e a derrama foi suspensa. Os conjurados foram presos, alguns foram degredados e um deles, o alferes Joaquim José da Silva Xavier, o Tiradentes, foi julgado e enforcado no Rio de Janeiro em 21 de abril de 1792. Todos foram chamados de inconfidentes, que significa traidores.
Se a Conjuração Mineira foi um movimento da elite das minas, a Conjuração Baiana em 1798 recebeu forte apoio popular. Influenciados pela Revolução Francesa, alguns baianos fundaram uma sociedade secreta, uma loja maçônica, formada por comerciantes, militares, padres, profissionais liberais. Inspirados nas ideias de Rousseau, o grupo recebeu cada vez mais o apoio dos grupos socialmente inferiores, como alfaiates, soldados e libertos.
A Conjuração Baiana proclamaria a independência da capitania e libertaria os escravos, fundando uma República Baianense. Denunciada, seus participantes foram presos, sendo mandados para o degredo ou enforcados. Aqui as ideias de igualdade se somaram às de liberdade e pela primeira vez, no Brasil, a escravidão foi pensada como uma desigualdade a ser eliminada.
O Século XVIII foi mesmo um século turbulento, de novas ideias, novos regimes de governo, novas formas de produzir e pensar. A onda liberal se espalharia pelo mundo, principalmente com a Revolução Francesa que no início do século XIX avançaria pela Europa na carona das conquistas de Napoleão Bonaparte, o Imperador francês.
Na colônia portuguesa, os movimentos de libertação tiveram caráter regional e limitado em termos de apoio populacional. Apesar disto, o sistema colonial entrava aqui também em discussão. No entanto, a idéia de um independência de todo o território colonial teria que esperar os acontecimentos do início do Século XIX.
QUESTÃO-PROBLEMA:
- Em finais do Século XVIII, o que acontecia no restante do mundo ocidental e como o Brasil se relacionava com este mundo?
1. A CRISE DO ANTIGO REGIME
Os europeus viveram importantes mudanças no século XVI, com as descobertas científicas, os novos Estados Modernos, o Novo Mundo...
Durante os séculos XVII e XVIII estas mudanças se aceleraram. A burguesia, formada por comerciantes e industriais cresceu muito ao longo destes séculos e já não se conformava com a dependência dos favores de um rei absoluto para expandir os seus negócios. Ela estava afastada do poder político, controle por um rei forte que tinha a nobreza e o clero como bases de seu poder, grupos privilegiados pela isenção de impostos e pela exploração de uma massa de camponeses que lhes pagava pesados tributos.
Ainda no século XVII na Inglaterra foi feita uma revolução que acabou com as pretensões absolutista de seus reis. A burguesia conseguiu se fazer representar no governo obedecer a uma constituição; estava criada a primeira Monarquia Constitucional. A partir daí foi possível fazer leis que beneficiavam o seu crescimento, criando uma das condições necessárias para fazer a Revolução Industrial.
Nos campos e nas cidades inglesas muitas coisas mudavam. As grandes propriedades, antes dividas em áreas de cultivo de diversos gêneros, foram aos poucos transformando-se em campos de criação de carneiros para produzir lã para as manufaturas de tecidos. Este processo conhecido como cercamento dos campos, fez com que grande parte dos camponeses ficassem sem ocupação e fossem para a cidade, provocando o êxodo rural. Por outro lado, foi possível fazer crescer a indústria têxtil inglesa que contava também com o algodão produzido por suas colônias na América do Norte.
Nas cidades a população crescia. As manufaturas aceleraram seu desenvolvimento ajudadas leis de incentivo, pelos novos inventos, como a máquina a vapor, o descaroçador de algodão, o tear mecânico, e pela abundância de mão-de-obra, que precisa sobreviver e por isso aceitava receber baixos salários e trabalhar catorze horas por dia ou mais. A esta altura novas ideias já estavam circulando.
Elas nasceram no meio de um movimento intelectual conhecido como Iluminismo . Para os pensadores iluministas só a RAZÃO podia explicar os fenômenos da natureza e da sociedade; nenhum explicação podia ser dada por qualquer autoridade, fosse ela política- o Rei absoluto - ou religiosa - Deus ou o Papa; era preciso estudar os acontecimentos, entendê-los e explica-los. Considerando-se iluminados e com a função de iluminar o futuro da Humanidade, este pensadores produziram obras e propuseram teorias destinadas a modificar a situação na qual se encontravam.
Podemos dividir estas ideias basicamente em três grupos:
a) políticas : para os filósofos iluministas o poder não podia estar concentrado nas mãos de uma só pessoa. Montesquieu (1689-1755), elaborou a teoria dos três poderes, na qual os poderes executivo (governa), legislativo (elabora as leis) e judiciário (justiça) existiram em separado e em equilíbrio. Esta teoria será aplicada primeiramente nos EUA, no momento da Independência em 1776. Os filósofos também contestavam a falta de liberdade política e religiosa e defendiam portanto a tolerância, o fim das perseguições e da tortura, muito comum no período do Antigo Regime, assim como os castigos físicos em público daqueles que questionavam ou defendiam o rei ou as instituições.
b) econômicas: o liberalismo econômico defendido por Turgot e Adam Smith atacava o monopólio, o sistema colonial, que impedia o livre comércio e o crescimento dos países, e a forte intervenção do Estado na economia. Achavam que a economia obedecia às leis do mercado e que a intervenção real atrapalhava o crescimento da economia. O comércio também deixava de ser a atividade principal; era preciso investir na agricultura e na indústria, pois para eles o trabalho era maior fonte de riqueza e não apenas a circulação de mercadorias.
c) sociais: Rousseau é talvez o melhor exemplo com suas ideias de igualdade jurídica (todos os homens são iguais perante a lei), negando a desigualdade natural entre os homens, ou seja aquele que é dado pelo nascimento. Por exemplo, até então se um homem nascia nobre ele seria sempre um nobre e sua posição privilegiada na sociedade era dada por sua condição de nascimento.
Seria possível adotar estas ideias na prática? Em 1776 um novo país se formou sob a influência das ideias iluministas. Pela primeira vez um conjunto de colônias se separou de sua metrópole. Isto aconteceu na América do Norte, nas treze colônias inglesas, que foram a base para formação dos atuais Estados Unidos da América. Não aceitando as imposições da metrópole, a Inglaterra, os colonos americanos entraram em guerra com ela e declaram a sua independência. Ao se formar, o novo país adotou como regime de governo a República Federativa Presidencialista. O que isto significava? Um país divido em estados com autonomia para resolver os seus problemas e governado por um presidente da república que deveria obedecer a uma constituição. Pela primeira vez eram adotadas algumas ideias liberais, como por exemplo os três poderes e a descentralização administrativa. Mas a escravidão no sul do novo país continuou a existir e só iria terminar após uma guerra civil no século XIX (1861/1865).
A independência das treze colônias inglesas teve uma grande repercussão, não apenas entre as outras colônias que começaram a lutar por sua liberdade, como também na própria Europa, já que ela mostra que era possível aplicar as teorias lançadas pelos filósofos iluministas.
Em 1789 explodiu a Revolução Francesa sob famoso lema Liberdade, Igualdade, Fraternidade. Com grande participação popular, aconteceu o fim da monarquia francesa e do absolutismo que a acompanhava desde o século XVI. Era o fim do privilégio das duas primeiras ordens (o clero e a nobreza) e a vitória do princípio da igualdade. Muitas foram as fases da revolução e muitas foram as diferenças entre elas. Por vezes dominada pela alta burguesia, por outras dominadas pelos mais radicais, o processo revolucionário ameaçou muitos países da Europa e fez rolar muitas cabeças. Várias pessoas foram guilhotinadas e muitos fugiram do país. Por outro lado, foram criadas várias leis que modificariam a idéia de que os homens eram desiguais por natureza. Era possível mudar a sua condição social e todos os homens tinham este direito. Uma das mais importante criações da Revolução Francesa foi a "DECLARAÇÃO DOS DIREITOS DO HOMEM E DO CIDADÃO". Foi esta declaração que serviu de base para a atual, feita pela ONU (Organização das Nações Unidades) no ano de 1948, logo após a Segunda Guerra Mundial.
De acordo com a declaração francesa de 1789, todos os homens são iguais em direitos, os governos existem para garantir a liberdade, a propriedade, a segurança e a resistência a opressão, a lei deve ser a expressão da vontade da maioria.
QUESTÃO PROBLEMA
Há governos, no século XXI, que não seguem os princípios da revolução francesa? Identifique, comente, dê exemplos.
2 - AS CONJURAÇÕES: REVOLUÇÃO E LIBERALISMO NA COLÔNIA
No final do século XVIII muita coisa já tinha mudado no Brasil desde a chegada dos portugueses. O sistema colonial baseado no monopólio e na mão-de-obra escrava sofria crítica por parte dos filósofos europeus e era ameaçado pela nova realidade econômica resultante da revolução industrial. Apesar das proibições metropolitanas à entrada de livros e à instalação de jornais de oposição à metrópole, as ideias liberais conseguiram chegar ao Brasil, principalmente através de colonos que iam à Europa, muitos dos quais para estudar. Ao voltar, divulgavam estas ideias e muitos promoviam grupos de discussão em sociedades secretas. Ao mesmo tempo, o primeiro rompimento entre colônia e metrópole representado pela independência dos EUA movimentou os colonos e começou a crescer entre eles o desejo da liberdade.
Em 1789, ano da Revolução Francesa, um movimento dos colonos e intelectuais da colônia tentaria, se não tivesse sido denunciada, libertar a região das minas de Portugal; foi a Conjuração Mineira. Sabemos que a região das minas possuía algumas características especiais no contexto colonial. Era uma região mais urbana, mas nem por isso seus habitantes conviviam com o conforto. As condições de higiene e de circulação nas cidades e por toda a colônia eram muita precárias. Mas o que mais incomodava os colonos da região mineradora era o monopólio e principalmente a rígida fiscalização da exploração dos metais precisos. Durante muito tempo, os colonos suportaram uma pesada carga de impostos. Porém, no final do século XVIII a produção do ouro diminuíra muito e a pobreza começava a dar seus primeiros sinais. Apesar disto, a política metropolitana não aliviou opressão.
As ideias de liberdade ganhavam cada vez mais adeptos entre a elite colonial da região e um grupo de estudantes, padres e escritores programou uma revolta que livraria a região das minas do domínio português para o dia da derrama, isto é, o dia em que os impostos atrasados seriam cobrados. Seria fundada uma república em Minas Gerais, uma universidade seria criada, assim como algumas manufaturas, até então proibidas pela metrópole. Porém, o movimento foi denunciado e a derrama foi suspensa. Os conjurados foram presos, alguns foram degredados e um deles, o alferes Joaquim da Silva Xavier, o Tiradentes foi julgado e enforcado no Rio de Janeiro em 21 de Abril de 1792. Todos foram chamados de inconfidentes, que significa traidores.
Se a Conjuração Mineira foi um movimento da elite das minas, a Conjuração Baiana em 1798 recebeu forte apoio popular. Influenciados pela Revolução Francesa, alguns baianos fundaram uma sociedade secreta, uma loja maçônica, formada por comerciantes, militares, padres, profissionais liberais. Inspirados nas ideias de Rousseau, o grupo recebeu cada vez mais o apoio dos grupos socialmente inferiores, como alfaiates, soldados e libertos.
A Conjuração Baiana proclamou a independência da capitania e libertaria os escravos, fundando a República Baianense. Denunciada seus participantes foram presos, sendo mandados para o degredo ou enforcados. Aqui as ideias de igualdade se somaram às de liberdade e pela primeira vez no Brasil a escravidão foi colocada como desigualdade a ser eliminada.


O século XVIII foi mesmo um século turbulento, de novas ideias, novas regimes de governo, novas formas de produzir e pensar. A onda liberal se espalharia pelo mundo, principalmente com a Revolução Francesa que no início do século XIX avançaria pela Europa na carona das conquistas de Napoleão Bonaparte, o imperador francês. Na colônia portuguesa os movimentos de libertação tiveram caráter regional e limitado em termos de apoio popular. Apesar disto, o sistema colonial entrava aqui também em discussão. No entanto, a idéia de uma independência de todo o território colonial teria que esperar os acontecimentos do início do século XIX, entre elas a vinda da família real portuguesa que fugia de Napoleão. A partir de 1808, com a transferência da sede do Império Português para a cidade do Rio de Janeiro, seria cada vez mais difícil preservar o monopólio comercial e o antigo sistema colonial.


migrações no Brasil

A História mostra: em cada lugar do País há sempre um brasileiro de mala pronta para buscar um destino melhor. Na viagem, espalha velhas culturas, cria novas e ajuda a construir uma identidade nacional.

ESTE POVO NÃO PARA

O brasileiro é um povo migrante. Sai do Nordeste para Minas, de Minas para Pernambuco, de Pernambuco para São Paulo...

Vai aonde tiver trabalho e uma vida melhor. Vai de vontade própria ou nem tanto. E não se amedronta se o destino é bem longe e muito diferente do lugar onde partiu.

Vai aos seringais da Amazônia, às indústrias do Sudeste ou às frentes agrícolas do Centro-Oeste e do Norte. Fica, volta, vai de novo. E não vai sozinho: leva hábitos e costumes.

Ou seja: não é só imigração externa que faz a cara e o jeito de ser do povo brasileiro. As migrações internas também espalham velhas culturas, criam novas e costuram uma identidade nacional, profundamente marcada pela diversidade.

AS PRIMEIRAS CORRENTES

No Século XVIII, dezenas de milhares de pessoas chegam a Minas Gerais em busca de riqueza, mais especificamente do ouro, recém-descoberto. Uma parcela vem da lavoura açucareira do Nordeste, que está em crise, mas vêm muitos portugueses – cerca de 25% da população da metrópole.

Com a mineração, a população da colônia aumenta dez vezes em pouco mais de 90 anos. Meio século depois da descoberta do ouro, a região das Minas é a mais rica da colônia e tem uma ampla rede urbana.

A cidade de Ouro Preto torna-se, em uma década, o maior centro minerador de ouro da América e guarda até hoje tesouros como a Igreja Nossa Senhora do Pilar, construída entre 1711 e 1733, com ilustrações em ouro, e a belíssima Igreja de São Francisco de Assis, de 1766, com arquitetura de Aleijadinho, considerada revolucionária para a época.

O ouro começa a escassear no final do século XVIII, quando já desponta outra fonte de riqueza, primeiro no Rio de Janeiro, depois em São Paulo: o café. O cultivo atrai mineiros em busca do “ouro negro”.

FINAL DO SÉCULO XIX

A Amazônia vive um período de grande prosperidade, em conseqüência da valorização da borracha no mercado internacional.

“As cidades crescem, enriquecem e se transformam. Belém, no delta, e Manaus, no curso médio do Rio Amazonas, tornam-se grandes centros metropolitanos, em cujos portos escalam centenas de navios que carregam borracha e descarregam toda a sorte de artigos industriais”.

A região atrai então, cerca de meio milhão de nordestinos, que fogem de uma seca prolongada, na qual teriam morrido mais de 100 mil pessoas.

Ainda no fim do século XIX, nordestinos migram para o sul, atraídos pelo cultivo de erva-mate do Paraná ou pela pecuária do Rio Grande do Sul.

SÉCULO XX: DÉCADAS DE 1930 E 40

Depois que o café entra em crise, em 1929, aumentam os investimento na indústria, nas regiões Sul e Sudeste. A migração se intensifica.

Em 1934 e 1940, o Estado de São Paulo recebe cerca de 322 mil migrantes – 67% são da Bahia e de outros Estados nordestinos.

Começa o processo de urbanização da população: 31,24% vivem nas cidades em 1940. Nos dez anos seguintes, registra-se em São Paulo um saldo migratório (diferença entre os que chegaram e os que saíram) de 362 mil pessoas. Os migrantes são, na maioria, nordestinos, que chegam de pau-de-arara.

A partir da conclusão da rodovia Rio – Bahia, em 1949, o pau-de-arara tornou-se o principal meio de transporte dos nordestinos em suas migrações para o Sudeste. Era um caminhão com a carroceria coberta por varas longitudinais, comparado aos paus usados, no interior do Brasil, para transportar arara e outras aves, chamados paus-de-arara. Segundo Câmara cascudo, o termo foi dado pelos próprios nordestinos e passou a significar não só o caminhão, mas também o migrante.

O Paraná também é área de atração na primeira metade do Século. Em 1920, uma empresa inglesa, a Companhia de Terras do Norte do Paraná, compra terras do Governo, divide em lotes e vende a pequenos agricultores, a maioria vinda do interior paulista. Na década de 40, grandes e médios produtores paulistas se instalam no Paraná, e nordestinos e mineiros migram para trabalhar nas fazendas como assalariados.

DÉCADA DE 50

Intensifica-se o processo de urbanização: 36,16% da população vive nas cidades em 1950; em 1960, o índice sobre para 44,67%.

O Rio de Janeiro, ainda Capital Federal, é um importante ponto de destino de nordestinos que vêm para o Sudeste, procurando trabalho na construção civil e demais atividades tipicamente urbanas.

Juscelino Kubitschek assume a Presidência em 1956, dando início a um período de grande desenvolvimento em todas as áreas. Anuncia um governo com base no lema “Cinqüenta anos em cinco”. A construção de Brasília, inaugurada em 1960, é parte do plano e pede mão-de-obra para a construção civil. É preciso, também, criar sistemas rodoviários para comunicar a nova Capital Federal com outras regiões. Os trabalhadores – a maioria vinda de minas Gerais e do Nordeste – ficam conhecidos como candangos.

Como vocábulo africano, significava imperfeito, inferior, explica Câmara Cascudo. Mas o nome se modificou e passou a servir como título de honra, glorificando o operário de Brasília. “Os futuros intérpretes da civilização brasileira, ao analisar este período da nossa história, hão de deter-se com assombro ante a figura bronzeada desse titã anônimo, que é o candango, herói obscuro e formidável da construção de Brasília”, disse Juscelino, no discurso lido na nova capital, em 1960.

A outra corrente migratória expressiva da década é continuação da iniciada na década anterior, em direção à indústria paulista e à agricultura paranaense, ambas em fase de expansão.

DÉCADA DE 60

O Brasil deixa de ser rural para ser urbano. A população que vive nas cidades salta de 44,67% para 55,92%, no final da década.

É maior a concentração da pobreza nos núcleos urbanos. Aumenta o número de favelas, piora a qualidade de vida, principalmente para os migrantes.

“São Paulo, por exemplo, tinha uma grande oferta de empregos , mas era menor do que a procura. Começou, então, a surgir um núcleo e uma periferia na cidade. A periferia era a região mais pobre, com menos recursos e de onde era necessário fazer grandes viagens para chegar ao trabalho ou voltar para caso no fim do dia”.

As cidades passaram a ser um lugar de todos: dos que têm um trabalho urbano e dos que têm um trabalho rural. “Um bom exemplo disso são os bóias-frias, trabalhadores da cana-de-açúcar no interior de São Paulo. Apesar de trabalharem no campo, essas pessoas passaram a morar nas cidades, Acabou aquela imagem de casa da fazenda, em que moravam os funcionários e até o dono”.

Esta situação não é exclusiva de São Paulo. Mais de dois milhões de nordestinos e descendentes vivem em São Paulo. Sem dúvida, a maior cidade nordestina do Brasil”. Diz Neide Patarra. A população nordestina na cidade de São Paulo é maior que a do Estado de Sergipe, que tem 1,7 milhões de habitantes. O Rio de Janeiro também vive uma explosão demográfica, principalmente pela chegada de migrantes nordestinos. Entre 1970 e 1980, 11% da população do País mora no Rio de Janeiro e em São Paulo. E morar mal passou a ser fato comum nas grandes cidades. Dados de 1996 da Secretaria Municipal de Habitação e Desenvolvimento Urbano da Prefeitura de São Paulo constatam que 2 milhões de pessoas vivem em favelas na capital paulista. A reurbanização do Rio de Janeiro do fim do século XIX expulsou muita gente dos cortiços. O Cabeça de Porco, foi demolido em 1893. Os moradores mudaram-se para o morro da Providência. Em 1897, tropas vindas da Guerra de Canudos foram abrigadas nesse morro, chamado de favela – referência ao morro da Favela, de Canudos. O nome passou a designar o morro da Providência e, aos poucos, os conglomerados dos outros morros.

DÉCADA DE 70

Prossegue a urbanização da população. No final da década, é de 67,57% a população que vive nas cidades contra apenas 32,43% que vive no campo, numa inversão completa da situação de 40 anos antes.

No campo, mais de um milhão de migrantes seguem os planos de colonização do governo e partem rumo às fronteiras agrícolas. Gaúchos e paranaenses, principalmente, vão colonizar o Centro-Oeste e o Norte do país.

“Eles subiam aos poucos. Começavam no Centro-Oeste e, se não dava certo, iam para o Norte”, diz a professora Neide Patarra. Alguns atravessaram as fronteiras do País, pelo Mato Grosso do Sul e Paraná, e se instalaram no Paraguai.

nova busca

A partir de 1980, há uma intensificação na busca por cidades de médio porte, algumas do interior.

“As cidades de porte médio passaram a oferecer facilidades educacionais e de comunicações. Muitas fábricas investiram em cidades fora das metrópoles, que passaram a ter maior dinâmica econômica. E, se antes a migração era um fenômeno típico das classes baixas, hoje a saída da metrópole também é feita pela classe média. Muitos fogem da violência e da poluição de cidades como Rio de Janeiro e São Paulo”.

Surge, também, a migração temporária. O migrante não vê a cidade destino como um lugar para viver pelo resto da vida. Há um contingente de pessoas que se movimenta constantemente, em um processo circular. Além de temporária, é uma migração de curta distância, ou seja, para cidades ou regiões próximas.

O turismo também pode acolher muitos trabalhadores. “Regiões como o Pantanal e o litoral brasileiro ainda crescerão muito por causa do turismo. Surgirão novos empregos”. E, onde há trabalho, há um brasileiro em busca de uma nova oportunidade, mesmo que o destino seja bem longe e muito diferente do lugar de onde partiu.

ATIVIDADES

Quando eu vim do sertão, seu moço

Do meu bodocó

A maleta era um saco

E o cadeado era um nó

Só trazia coragem e a cara

Viajando no pau-de-arara

eu penei

Mas aqui cheguei

Trouxe um triângulo, no matulão

Trouxe um gongê, no matulão

Trouxe a zabumba dentro do matulão

Xote, maracatu e baião

Tudo isso eu trouxe

no meu matulão

Da canção Pau-de-arara, de Guio de Morais e Luiz Gonzaga

O meu pai era paulista

meu avô pernambucano

o meu bisavô mineiro

meu tataravô baiano

vou na estrada há muitos anos

sou um artista brasileiro

Da canção Paratodos, de Chico Buarque

1. Procure no dicionário e copie no seu caderno o significado das palavras: migrante, imigrante, migrar, imigrar.

2. Desenhe ilustrações para os versos acima. Procure interpretar o sentimento dos migrantes.

3. Em seu caderno, faça um esquema apresentando cronologicamente o motivo e a direção das migrações ao longo do tempo. ( localização no tempo e no espaço )

4. Faça mapas das migrações. Um para cada século. Desenhe os contornos do mapa do Brasil em uma folha e localize com linhas e flechas as regiões de saída e destino das migrações.

5. Pesquise sobre sua família. Descubra se há migrantes entre seus parentes e ancestrais, o destino e o motivo das migrações.

6. Redação: comente sobre as migrações, pessoas que migraram e se há em seu projeto de vida a intenção de sair do Rio de Janeiro.